DOIS ANOS COM A CHAGA NO CORAÇÃO
Invasão é ferida aberta no Sporting. Julgamento esteve suspenso devido à pandemia do coronavírus
Este é um dia que a grande maioria dos sportinguistas quer esquecer. A invasão à Academia aconteceu há precisamente dois anos. A página mais negra da história do Sporting provocou uma profunda ferida no coração do leão. Uma chaga que parecia estar perto de cicatrizar com o aproximar do fim do julgamento, mas que se manteve aberta devido ao coronavírus, que forçou o coletivo de juízes a suspender os trabalhos em abril, sem haver data prevista para o regresso, embora tenha ficado marcada a leitura da sentença para o dia 28 (não havendo a certeza de que a mesma ocorra).
Os danos provocados pelos 41 invasores acusados são irreparáveis na sua plenitude, em vários níveis. Desde logo, o psicológico, pois o trauma infligido aos jogadores e membros do staff será impossível de curar por completo. O próprio clube levou um abalo tremendo. O caso correu o Mundo, a marca Sporting sofreu um forte impacto. A nível financeiro, uns dias depois do ataque, o reembolso do empréstimo obrigacionista foi forçosamente adiado. E a rescisão de contrato levada a cabo por nove jogadores – Bas Dost, Bruno Fernandes e Battaglia entretanto voltaram – provocou outra hecatombe nas contas leoninas.
Um dado certo: na última sessão de julgamento de Alcochete antes de a pandemia do coronavírus deixar o País em suspenso, o coletivo de juízes liderado por Sílvia Pires definiu o próximo dia 28 para a leitura da sentença. Porém, isso só acontecerá se todos os advogados decidirem não responder ao despacho de alteração não substancial dos factos do passado dia 8 de maio. Teria a defesa possibilidade de se pronunciar até ao próximo dia 25, mas o prazo não tem efeito no quadro legal em que vivemos. Os advogados dos arguidos terão de aceitar, por escrito, as alterações ao processo que constam no último despacho para que o acórdão seja lido. Record sabe que há defesas que ainda necessitam de esclarecimentos técnicos, outras ponderam chamar mais testemunhas ou até pedir a visita técnica à Academia, que nunca chegou a realizar-se.
RÉPLICAS INTENSAS DA PÁGINA NEGRA DOS LEÕES: TRAUMAS PSICOLÓGICOS, RESCISÕES DE CONTRATO E CRISE FINANCEIRA
Mesmo em novembro de 2018, a SAD viu o mercado a mostrar falta de confiança, não conseguindo a subscrição total do empréstimo obrigacionista que ajudaria a pagar o anterior.
Já o julgamento, que começou em novembro de 2019, pouco mais de ano e meio após a invasão, tem decorrido em tempo recorde, sem ter sido possível evitar algumas polémicas. Os arguidos assumiram-se como culpados e arrependidos, exceção feita a três que foram envolvidos por alegada autoria moral: Bruno de Carvalho, Bruno Jacinto e Nuno Vieira Mendes (Mustafá).