“É uma decisão dos sócios do Sporting”
“A trabalhar para que seja realidade até 2022”
Porquê um plano estratégico a meio do mandato?
ANDRÉ BERNARDO – Planear é mais importante do que o plano em si. O nosso planeamento estratégico começou em setembro de 2018 e estamos agora a colher os frutos do mesmo, o que inclusive nos permitiu fazer face a esta crise. Mas consideramos também que é muito importante diminuir a assimetria de informação entre clube e sócios, sobretudo no atual contexto de incerteza. Este documento foi um passo que quisemos dar nesse caminho de estreitar pontes entre sócio e clube, num timing que nos parece muito importante para essa transparência.
O plano projeta a “modernização e expansão da atual Academia para o dobro do tamanho”. É um objetivo exequível em termos de área?
AB – Mais do que o tamanho, o nosso objetivo é a qualidade. É importante perceber que a Academia faz parte de um projeto 360o que passa pelos vários pilares estratégicos. Para captar, desenvolver e reter os melhores talentos é preciso construir um ecossistema dentro do qual a Academia é uma peça-chave e um fator crítico de sucesso. A Academia que encontrámos não era a nossa ‘fábrica de sonhos’. Era urgente dar início ao processo de modernização das instalações para voltarmos a ter a Academia que já tivemos. E foi isso que fizemos, investindo cerca de 2 milhões de euros na entrada de recursos humanos altamente qualificados, na substituição de relvados sintéticos e naturais, na criação do departamento de análise e observação para todos os escalões da formação. Remodelámos gabinetes, salas de trabalho, a zona dos balneários. Modernizámos o ginásio. Um sem-número de pormenores que fazem toda a diferença no dia a dia de uma estrutura profissional. Mas não vamos ficar por aqui: vamos investir mais 10 milhões de euros para os próximos anos, apenas e exclusivamente, para a Academia. Cinco vezes o investimento que já fizemos. Em mais campos, em zonas abertas, em qualidade de infraestruturas, em dar à formação e ao futebol profissional as condições ideais.
AB – A equipa B é mais uma peça do puzzle do ecossistema que referi, dentro do modelo desportivo que definimos. Consideramos que é um fator essencial para o melhor desenvolvimento de um jogador da formação, e o presidente sempre falou abertamente sobre esta questão. Neste momento estamos a estudar todas as hipóteses. Sabemos que há soluções ideais e soluções possíveis.
AB – Esse tem de ser o ADN do Sporting. Apostar em qualidade e juventude, sem nunca esquecer a experiência. Um plantel é feito de vários jogadores e temos de encontrar o equilíbrio certo. Acreditamos que o caminho é apostar e valorizar o que temos e ir ao mercado apenas para reforçar posições estratégicas. Vivemos, porém, dias únicos e o futuro ainda está incerto no que diz respeito ao próprio mercado de transferências. Descansa saber que fizemos uma aposta e sinalizámos jogadores de 15 e 16 anos há dois anos, investimos muito no seu crescimento, e agora estão a dar os primeiros passos com a equipa principal. Conseguimos identificar outros. Plata e Camacho são bons exemplos. Temos de aliar essa irreverência à experiência de outros. Tem de ser esse o espírito.
“O CAMINHO É APOSTAR E VALORIZAR O QUE TEMOS E IR AO MERCADO APENAS REFORÇAR POSIÇÕES ESTRATÉGICAS”
AB – Em dois anos, diminuímos em 18 milhões de euros a folha salarial da equipa profissional. Temos juventude com qualidade no plantel para ter confiança no futuro. Todos os clubes em Portugal têm essa forma de garantir receitas. Ainda não temos garantia de como será a abertura do mercado, mas o futebol português é exportador líquido de jogadores e temos sérios desafios financeiros pela frente.*