Vejo o Sporting (bi)campeão!
Tomás Froes
NOS ÚLTIMOS 40 ANOS NÃO TEMOS CONSEGUIDO ATRAIR A COMPETÊNCIA E O PROFISSIONALISMO NECESSÁRIOS PARA FAZER DO SPORTING UM CLUBE VENCEDOR
LÓGICA.
do uma estratégia de venda ‘qua- lificada’ a investidores nacionais com paixão sportinguista. Há muitos empresários portugueses, e grandes Sportinguistas, com quem fui conversando sobre este modelo e que manifesta- ram grande interesse, visão e pai- xão, em fazer parte da solução, caso os sócios do Sporting assim o entendam e percebam que pre- cisamos de uma estratégia que possa acompanhar a revolução que vai transformar o futebol. Acredito por isso que nos devemos antecipar, como clube pioneiro que sempre fomos, e perce- ber que a venda da maioria da SAD é, isso sim, um ‘fechar da porta’ a um qualquer especulador que aparecerá quando o clube não for capaz de aguentar o que aí vem. A expressão venda da ‘alma ao diabo’ poderá de facto acontecer se tivermos de vender a alma ao ‘agiota’. Nesse caso cá estarei para remar contra se ainda for possível.
2. Competência e Profissionalis- mo. Não podemos continuar a fa- zer igual e esperar resultados diferentes! Nos últimos 40 anos não temos conseguido atrair a competência e o profissionalismo necessários para fazer do Sporting um clube campeão! Tenho lido várias opiniões no senti- do que a falta de competência tem sido o nosso maior problema, apontando para isso diferentes razões. Ou porque os sócios não sabem escolher os melhores can- didatos, ou porque o ‘sistema’ do futebol português engole os mais competentes, sejam eles quem forem, ou então porque fulano é ‘croquete’, ‘notável’ ou outra (des)qualificação qualquer. Mas, por uma ou por todas as razões, a verdade é que os mais competen- tes não aparecem no clube... e os títulos também não. A minha opi- nião é outra, os mais competentes não estão disponíveis para ab- dicar das suas carreiras profissio- nais para se envolverem e dedica- rem a um projeto que é liderado por quem não investiu, pessoalmente, no mesmo. É o velho problema das empresas do Estado, também elas não conseguem atrair os mais competentes. São estes os factos que não mudam, de década para década, e me fazem acreditar que temos de fazer diferente. E que o controlo maioritário de um investimento resul- tará em mais e melhor competên- cia, mais e melhores profissionais, mais e melhores resultados. De outra forma acabaremos todos juntos agarrados ao nosso maior tesouro, que, infelizmente, está a ir ao fundo.
3. Porque é que acredito que a competência ‘maioritária’ irá trazer títulos? Não conheço ninguém que invista no clube sem ter a possibilidade de controlar esse investimento, para o fazer crescer (negócio) e com ele fazer crescer o clube como um todo (paixão). Quem investir no Spor- ting só o deverá fazer, e propor aos sócios, porque entende a for- ça e a dimensão de um clube que pode e deve ter ambição do tamanho da sua história. E essa ambição exige hoje competência e profissionalismo à escala munÉ esse o ‘tabuleiro’ onde competimos. É esse mundo que o Sporting precisa de atrair para o clube, fora e dentro das quatro linhas, para potenciar o investimento financeiro em busca do único objetivo que conheço no desporto profissional: GANHAR! Não foram só os clubes ingleses que seguiram esta estratégia de ambição, apenas porque a liga inglesa é um campeonato à parte. Convido-os a olharem para o atual ranking dos clubes mundiais (Maio 2020). Nos primeiros 35 encontramos 21 que já não detêm a maioria de capital das suas SAD, ingleses, espanhóis, italianos, austríacos, russos e alemães (modelo clube/empresa); têm, isso sim, a maioria das receitas, dos adeptos... e dos títulos! Nos restantes, lá estão os nossos dois rivais (até ver) e os dois colossos de Espanha, que se mantêm com o modelo associativista por uma razão muito simples e bem diferente da realidade do nosso Sporting: ganham e ganham muito! Pergunto: que modelo teriam hoje o Barcelona ou o Real Madrid se passassem por esta ‘pandemia’ de falta de títulos que nos assola há décadas?
Outros pontos teremos para discutir, sobretudo para encontrar soluções que podem e devem defender de forma equitativa o clube, os sócios e os acionistas da SAD. A figura da ‘golden share’, uma participação que apesar de ser minoritária confere poderes especiais, será uma boa forma de garantir o controlo e a defesa do clube em decisões patrimoniais ou estruturais ao mesmo tempo que garante o controlo do investimento por parte do acionista maioritário da SAD. Estamos a passar por momentos únicos na história do Mundo e nada vai ficar como dantes. No futebol também. Por isso é tempo de perceber que o pioneirismo que corre no nosso ADN, desde a nossa fundação, pode ser hoje mais decisivo do que nunca. Começo como acabei, o debate é importante porque na vida nem tudo é preto ou branco, até porque pode ser verde.
CONTROLO MAIORITÁRIO DE UM INVESTIMENTO RESULTARÁ EM COMPETÊNCIA