O futuro da SAD (2)
A questão central do futuro do Sporting é não ficar para trás, no trajeto inexorável que o futebol nacional e internacional vai ter.
Para ir a jogo, para contar, o Sporting necessita de outros argumentos. É muito reconfortante saber que o Sporting é o clube com mais participações na Liga Europa, se não ganhámos até hoje uma edição que seja.
O Sporting tem cerca de 300 milhões de passivo e o serviço dessa dívida pesa nos custos. E não relevará por um fundo a comprar a dívida aos bancos, porque, na prática, apenas se muda de credor e os encargos, no essencial, permanecem.
Digo e repito, o atual elenco acionista da SAD não tem capacidade, músculo e até estabilidade para livrar o clube da pobreza envergonhada em que vive e que o vota a um papel subalterno e, como se viu, vulnerável a vendedores de ilusões.
Sinto que o Sporting de hoje não está à altura da sua história, no que ao futebol profissional respeita e eu pretendo que o meu clube volte a ocupá-lo; quero voltar a ouvir o som dos violinos!
A revitalização financeira do Sporting passaria pela entrada de um novo acionista, com subscrição do correspondente capital, pelo que esse montante seria considerado pela UEFA como corporizando um saneamento financeiro e fora dos limites do fair play financeiro (FFP).
Ao contrário, na medida em que o Sporting liquidar passivo, e conter outras despesas, disporá de mais meios para investir na composição do seu plantel, comprando melhor e com mais qualidade e libertando-se de engolir matrecos, tipo Jesé ou Bolasie.
Três notas importantes. Como é óbvio, se for possível, muito gostava que o Sporting
QUALQUER DECISÃO CABE, EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, AOS DO CLUBE
clube pudesse conservar a maioria do capital da SAD; tenho dúvidas, porém, de que alguém esteja disposto a investir 200 milhões e se contente em ser parceiro. Gosto muito de ler o Rui Calafate, mas não acredito em minorias musculadas.
Vender a maioria da SAD não significa o Sporting abdicar de ter voz, nas decisões mais relevantes e mesmo direito de veto nas que forem estruturantes, nem que possa ter sempre o direito de recompra das ações, para não acontecer outra novela ‘Belém’.
Finalmente, toda e qualquer decisão cabe sempre, mas sempre, em última instância, aos sócios do clube.