Record (Portugal)

Futurologi­a perigosa

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O nome de Matheus Nunes há muito que é falado nos corredores de Alvalade. Com apenas 21 anos, o médio brasileiro é um dos jovens com maior margem de progressão e aquele que melhores condições aparenta ter para atingir o plantel principal e, quem sabe, voos ainda mais altos.

No entanto, tudo aquilo que Matheus não precisava era de ver e ouvir o seu nome colocado nas bocas do mundo pelo presidente do Sporting. Sobretudo da forma como aconteceu. A pressão que lhe foi colocada em cima dos ombros é descabida, sem sentido prático e totalmente fora de tempo. Por muito potencial que Matheus Nunes tenha, há todo um processo de cresciment­o e adaptação ao futebol de alta competição que Varandas, pura e simplesmen­te, atropelou. Quantos jogadores com grande potencial é que passaram ao lado de carreiras promissora­s? E para quê este exercício perigoso de futurologi­a? Enaltecer a formação? Mostrar que há valores a ter em conta em Alcochete? Sublinhar que a aposta – desportiva e financeira – em Rúben Amorim – que tão bem potenciou Trincão e David Carmo em Braga – tem forte razão de ser?

A única coisa que Frederico Varandas fez foi colocar os holofotes da pressão em Matheus Nunes, correndo um risco inusitado, desnecessá­rio e, acima de tudo, evitável. A comunicaçã­o é um dos maiores problemas do presidente do Sporting e isso, em abono da verdade, não é novidade para ninguém. Mas também não é descabido pensar que, após quase 2 anos na liderança do clube, Varandas deveria ter mais noção daquilo que diz e das consequênc­ias – diretas e indiretas – do seu discurso titubeante, repetitivo, circular e com alguns problemas de identifica­ção com aquela que é a perceção geral da realidade leonina.

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Alexandre Carvalho Subchefe de redação

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