Liderança carismática no Sporting (II)
O VALOR DA MARCA SPORTING ESTÁ DEPRECIADO POIS O LEÃO ESTÁ DÉBIL, DESVITAMINADO, A DERROTA TEM-SE TORNADO UM HÁBITO E A DESILUSÃO PASSOU A SER UM LUGAR-COMUM
Na semana passada, para lá do modelo que preconizo de um presidencialismo com competências e sem o Sporting perder o controlo da SAD, dirimi argumentos com Miguel Poiares Maduro, que defendeu uma liderança bicéfala num modelo que qualifiquei de Américo Thomaz, o último presidente corta-fitas do qual tenho memória. Hoje, abordarei as ideias de quem defende a venda da SAD leonina.
Grato pela referência do meu
amigo Tomás Froes, que sei que estará sempre disponível para ajudar o clube, e agradecendo a simpatia pelo gosto que tem em me ler de Carlos Barbosa da Cruz, não posso deixar de escrever que, tal como ele não acredita nas minorias musculadas no capital do Sporting, eu não acredito que baste um camião chegar a Alvalade e despejar centenas de milhões euros para que o Sporting reencontre o caminho de sucesso que o seu histo- rial e adeptos merecem.
E a pretensão da venda da
SAD cai já no momento em que vivemos. Por muito que o Tomás mencione os valores tangíveis e intangíveis da mar- ca Sporting, o certo é que o valor está depreciado pois o leão está débil, desvitaminado, a derrota tem-se tornado um há- bito e a desilusão passou a ser um lugar-comum. Está apetecível por se poder tomar o controlo por um preço quase irrisório, como temos o exemplo claro da compra da TVI por tuta-e-meia por Mário Ferreira quando o valor da estação era quase o triplo há dois anos, algo envolto em nebulosas por explicar cabalmente.
Diz o Tomás que as grandes
excepções ao movimento que assistimos da tomada das SAD por capitais, muitas vezes sem rosto, se assistem em Espanha, e escreve que se Barcelona e Real Madrid (tal como Athletic Bilbao), que mantêm as suas estruturas associativas fundacionais, não ganhassem também seguiriam esse caminho. Pois bem, sem mencionar o naufrágio do Málaga (que os defensores da SAD olvidam sempre bem como tantos casos, por cá, de perfeita obscenidade de relacionamento dos investidores com os clubes como por exemplo Belenenses, Aves, Atlético, Praiense, seria uma lista sem fim), tenho de perguntar como explica o caso do Valencia onde Peter Lim (com a ajuda preciosa de Jorge Mendes) desde o momento da sua aquisição em 2014 já injectou 500 milhões de euros e só meteu no museu uma Taça do Rei e já é contestado pelas suas opções?
Porque falham então os emblemas, nos dois casos, os que detêm e perderam o controlo da SAD? Porque para ganhar é necessário um projecto, um bom líder, uma equipa de gestão profissional nos diversos departamentos bem como na SAD, o tal presidencialismo com competências com um líder carismático que volte a empolgar os adeptos e aqueça a alma, mas que tenha a frieza granítica e o cinismo na acção e na razão. Sem liderança, sem competência, sem estrutura, pode vir um qualquer milionário que o resultado será o mesmo de sempre: expectativas enormes seguidas de um ocaso de títulos. Ninguém deseja isso. * Texto escritocom a antiga ortografia
PARA GANHAR É PRECISO UM PROJECTO, UM BOM LÍDER E UMA EQUIPA DE GESTÃO PROFISSIONAL