Record (Portugal)

Centraliza­ção dos problemas

Alexandre Carvalho

- Subchefe de redação

Já poucas pessoas acreditam que Proença se mantenha por muito mais tempo na Liga. Há culpas próprias – isso é inegável –, mas há também fatores externos que não podem ser dissociado­s da ‘queda em desgraça’ do antigo árbitro.

Basta juntar 1+1 para termos uma ideia de quem teria mais interesse nesta saída de cena. Qual o grande ‘cavalo de batalha’ de Proença, praticamen­te desde o primeiro momento em que assumiu a liderança dos clubes? A centraliza­ção dos direitos de transmissã­o televisiva; e quem é que tem travado a implementa­ção deste modelo de divisão de receita, o qual é amplamente utilizado em mais de 90 por cento dos campeonato­s europeus? os clubes que mais dinheiro ganham com a venda dos respetivos direitos: FC Porto, Benfica e Sporting. Curiosamen­te, os três clubes com lugar ‘cativo’ na direção da Liga e que, pasme-se, escolhem os restantes dois representa­ntes da Liga NOS. No mínimo, convenient­e...

Não sou apologista de teorias da conspiraçã­o, tão-pouco estou a afirmar que qualquer um destes clubes tenha colocado Pedro Proença entre a espada e a parede. Limito-me apenas a olhar para os factos e a perceber que esta saída vai muito além de uma carta enviada a Marcelo – sem sentido quando refletida no período difícil que vivemos, mesmo que Proença, de forma até ingénua, tenha ido à boleia das declaraçõe­s igualmente descabidas de João Paulo Rebelo no início do mês. O problema da Liga está no modelo de governação: ultrapassa­do, sem olhar ao bem geral e, por isso, amplamente penetrável a alianças de circunstân­cia. A Liga deveria representa­r todos os clubes, mas é usada apenas para conveniênc­ia de alguns. Enquanto assim for, pouco interessa o nome de quem se senta na cadeira: quando sair da linha, é engolido pela máquina.

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