O renovado Pinto da Costa
Pinto da Costa apresenta-se a votação para mais um mandato com as rédeas do FC Porto. Será neste novo período de liderança que Pinto da Costa irá somar 40 anos à frente da instituição, em agosto de 2022. O que faz tão distinto a nível mundial este dirigente que construiu a carreira com títulos em cima de títulos? Para consolidar o poder, no início da década de 80 do século passado, Pinto da Costa lançou uma estratégia de alianças a sul. Sem que Benfica ou Sporting tivessem a clarividência para ler o futuro, o FC Porto trouxe para o seu alinhamento clubes como V. Setúbal e Portimonense. Com esse movimento, junto com o crescimento de Boavista e Salgueiros, a Associação de Futebol do Porto tornou-se a mais poderosa do País. Os presidentes do Conselho de Arbitragem passaram a ter a bênção de Pinto da Costa, escolhidos pela sua poderosa Associação. Merecedor de 20 valores em estratégia, Pinto da Costa não baixa a nota no plano puramente futebolístico.
Com dedo para escolher bons
treinadores e visão para lhes dar condições de trabalho e autonomia de decisão, o 33.º presidente do FC Porto começa a colecionar títulos. Torna-se hegemónico nas competições internas e um candidato aos maiores troféus europeus.
Os ciclos vitoriosos são longos e qualquer derrota é desafio para se reinventar. Assim fez, já neste século, com as arriscadas apostas em José Mourinho e depois em André Villas-Boas, que lhe trouxeram mais glória europeia.
Desde o processo ‘Apito Dourado’, Pinto da Costa não mais logrou o brilho do passado. O peso dos anos e a abertura de mãos no controlo dos negócios do futebol, deixaram o FC Porto vulnerável a más escolhas de atletas, com milhões gastos sem retorno e o empalidecer da estrela mística que Pinto da Costa arrancara dos céus da Luz.
Como será este próximo mandato? A história começará a escrever-se ainda neste campeonato, marcado pela pandemia e as bancadas vazias. Pinto da Costa mantém as virtudes e defeitos de sempre. Com a idade a esbater igualmente uns e outros.
Outro tema: as notícias de violência entre membros de claques dos grandes de Lisboa são prova de que o futebol é apenas um pretexto para estas existências vazias de valores. Não é aceitável que as forças policiais, onde tanto dinheiro público se consome no acompanhamento a estes grupos de alegados adeptos, demorem na detenção dos criminosos. O público deve voltar aos estádios logo que seja sanitariamente possível. Os criminosos devem ficar sem lugar na bancada. A bem do futebol.
PARA CONSOLIDAR O PODER, NOS ANOS 80 DO SÉCULO PASSADO, FEZ ALIANÇAS A SUL
O PROCESSO ‘APITO DOURADO’ FEZ COM QUE O LÍDER PORTISTA NÃO MAIS LOGRASSE O BRILHO DO PASSADO. MAS MANTÉM AS VIRTUDES E DEFEITOS DE SEMPRE. COM A IDADE A ESBATER UNS E OUTROS