“É COMPLETAMENTE SEGURO NADAR”
Presidente da Federação Portuguesa de Natação aborda impacto da pandemia nas piscinas e os apoios disponibilizados aos clubes afetados. O responsável que se vai recandidatar pede mais ajuda por parte das entidades governamentais
“ESTUDOS CIENTÍFICOS INDICAM QUE O VÍRUS NÃO SOBREVIVE EM CONDIÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA COM CLORO”
çQuais as principais consequências que a pandemia está a ter na Federação Portuguesa de Natação (FPN)?
ANTÓNIO JOSÉ SILVA – A principal consequência foi terminar a temporada desportiva. Definimos que se não houvesse condições de preparação desportiva iguais para todos, teríamos a obrigação de cancelar as competições e foi isso que foi feito. Por outro lado, a inatividade que decorre da inexistência de até há poucas semanas de instalações para treino. E, em terceiro lugar, e mais ou tão grave, está relacionado com as questões da sustentabilidade financeira dos clubes e organizações desportivas que, devido à falta de atividade, não têm receitas que decorrem da formação e isso têm implicações a vários nível, quer nas pessoas, quer nas organizações, quer nos técnicos que estão maioritariamente em lay-off.
Consegue quantificar o impacto financeiro?
AJS – A FPN tem 362 clubes filiados, que foram contactados, e verificámos que a perda de receitas aproximada das escolas de natação é de cerca de meio milhão de euros por mês face à inatividade e das perdas de receitas.
Como correu o regresso do Alto Rendimento às piscinas?
AJS – Correu bem. O Governo foi sensível, e aqui uma palavra de apreço ao IPDJ, ao Jamor, e a muitas câmaras municipais, que apoiaram desde logo a iniciativa que decorreu da declaração do desconfinamento. As coisas estão a reiniciar normalmente, não há uma urgência muito grande porque houve um reajustamento dos calendários. Mas a urgência que existe é a inatividade e já vamos em sete semanas em casos extremos de paragem. E uma preocupação para as organizações que sem terem as piscinas abertas não podem ter atividades, e sem atividades não podem ter receitas que decorrem dessas atividades.
E quando prevê a abertura das restantes piscinas?
AJS – Estão a ser estudados os planos que irão ser publicados em breve. Temos a esperança de que no início de junho já se comece a poder utilizar as instalações.
Considera que é seguro nadar face à situação que vivemos?
AJS – É completamente seguro nadar. Aliás, todos os estudos científicos indicam que o vírus que dá origem à Covid-19 não sobrevive em condição de tratamento de água com cloro. Se nós adicionarmos isto em piscinas exteriores aos raios ultravioletas, então não há qualquer sobrevivência possível do vírus. O problema aqui na utilização das piscinas é algum cuidado que se tem de ter na circulação de ar e desinfeção e protocolos de segurança na utilização dos balneários.
Como avalia os apoios governamentais à FPN?
AJS – O Governo não nos deu apoios nenhuns. O que nos disse foi que não houve alterações relativas aos contratos duodecimais do contrato-programa do Estado. Não temos quaisquer outras
medidas por parte do Governo, quer na reativação económica das federações e organizações desportivas, quer ainda num apoio específico para o desporto, tal como acontece por exemplo para a cultura, que foram agora disponibilizados 30 milhões de euros. Para o desporto não existe nada disso. As medidas que adotadas [ver peça ao lado] vão ser implementadas por nós. O Governo poderia e deveria ajudar, como é óbvio.