SADINOS DEVOLVERAM GLÓRIA HÁ 15 ANOS
Vitória bateu o Benfica no Jamor, por 2-1, com cinco meses de salários em atraso no plantel
O dia 29 de maio de 2005 está bem presente na memória de todos os adeptos do Vitória. Depois de um interregno de 38 anos, o clube conseguiu trazer a Taça de Portugal (a terceira no seu palmarés) para as margens do Sado, após vencer na final do Jamor o Benfica, por 2-1. Volvidos exatamente 15 anos, Sandro e Bruno Ribeiro, dois dos três setubalenses que jogaram essa final [o outro foi o defesa Nandinho - ver peça de rodapé], abriram a Record o livro sobre o momento histórico vivido.
O capitão Sandro recorda que a boa campanha da equipa, que além de ganhar a Taça chegou a liderar o campeonato à 8ª jornada, contrasta com as dificuldades então vividas. “Chegámos à final da Taça com cinco meses de salários em atraso. A verdade é que isso não nos impediu de dar o nosso melhor e ainda serviu para nos unirmos mais e termos mais força”, vincou o ex-médio, com a anuência de Bruno Ribeiro: “Esse foi um ano atípico e os problemas que foram surgindo ao longo da temporada foram unindo cada vez mais o grupo.”
Reunião de madrugada
Sandro revela que na madrugada que antecedeu o duelo com as águias houve uma reunião de emergência devido ao incumprimento salarial. “No estágio antes da final perguntávamos ao presidente, Chumbita Nunes, como estavam as coisas e a situação arrastou-se até ao último dia. Já num hotel de Setúbal, à 1 hora da madrugada, portanto já no próprio dia do jogo, ainda estávamos em reunião”, lembrou o ex-médio, de 43 anos, considerando que “15 anos depois pode-se levantar um pouco a pontinha do véu para se perceber a união do grupo”. Já Bruno Ribeiro não tem dúvidas em afirmar que um dos aspetos decisivos para o Vitória ter vencido a Taça em 2004/05 foi o facto de haver muitos jogadores com ADN setubalense e vitoriano. “Se não fôssemos muitos de Setúbal, nem sequer chegávamos à final. Com os problemas que enfrentámos, nunca tínhamos hipóteses de lá ter chegado”, frisou o ex-jogador, de 44 anos, numa opinião que é partilhada por Sandro.
“Não basta dizerem nos jornais, nas televisões ou nas redes sociais que amam muito o Vitória. Queria ver se essas pessoas diriam a mesma coisa, e se continuariam, se o clube lhes deixasse de pagar o salário durante cinco meses”, referiu.