Record (Portugal)

“OS MEUS FILHOS AINDA VÃO FICAR ORGULHOSOS”

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Agora que já está numa nova fase da sua vida, quais os objetivos?

DK – Tenho muita vontade de trabalhar, muita vontade de fazer aquilo de que gosto, que é estar no futebol. Não posso apagar o passado, mas já ficou para trás. Agora, quero voltar a treinar e sentir-me útil.

Como está a relação com os seus dois filhos, Alexandre e Eva?

DK – Temos uma relação normal. O meu filho Alexandre é o mais velho, já tem 20 anos. E como é óbvio há coisas que ele percebe. Não sabe tudo o que aconteceu, mas sabe alguma coisa. E se calhar ainda vai ficar orgulhoso de

“SE PUDESSE, ALERTAVA TODOS AQUELES QUE ESTÃO NO FUTEBOL PARA DIZER QUE EM SITUAÇÕES COMO ESTA NADA ESTÁ PERDIDO”

mim com o que vou fazer daqui para a frente. Ele e a Eva.

Hoje em dia, apesar de tudo o que aconteceu, continua a ter contacto com eles?

DK – Em determinad­as alturas distanciam­o-nos de quase tudo, mas sempre tentei estar próximo deles. Sou um pai presente, dentro do possível.

Costuma conversar com os seus filhos sobre o que aconteceu?

DK – Sim, principalm­ente com o Alexandre. É um miúdo fantástico, mas tento sempre alertá-lo para os perigos da vida. E se fosse possível, alertava todos aqueles que estão no mundo do futebol. Sobretudo para dizer que, em situações como esta, há soluções e nada está perdido. Eu sou a prova disso.

Tentou, de alguma forma, protegê-los?

DK – Não só a eles como à minha família. Por vezes, a melhor forma de o fazer é guardar as coisas para nós. E foi o que fiz. Às vezes queria desabafar, confesso... Pensamos que a família e os amigos nos vão entender, mas nem sempre é assim. Mas se tenho desabafado, talvez as coisas se tivessem resolvido mais cedo. É uma incógnita.

Sente que alguém o crucificou pela escolhas que fez?

DK – Quem gosta de mim, não. Mas se o fizeram, também já não há nada a fazer. Passei um mau bocado, mas agora o foco está em ter uma vida normal, arranjar trabalho e reconquist­ar a confiança das pessoas. Como já disse anteriorme­nte, para trás não posso mudar nada.

E não acha que reconquist­ar essa confiança pode ser difícil?

DK – Talvez. Mas quero reconquist­á-la e vou fazer por isso. Quando falar com as pessoas, penso que tudo pode voltar a ser como dantes.

Passou, de certeza, por momentos muito difíceis. Onde é que foi buscar forças para ultrapassa­r toda a situação?

DK – Tenho muita força interior. Normalment­e guardo-a para mim, mas tenho muita força. Pensava na minha família e nos meus amigos, em querer tê-los de volta, e isso foi importante naquela altura. Mas não é fácil estar lá em cima e de repente estar lá em baixo, onde estive. Há muitas pessoas que não aguentam estar lá em baixo e eu aguentei. Consegui dar a volta à situação. Como é óbvio, há dias mais complicado­s do que outros, mas tentei sempre manter o sorriso no rosto e ir à luta.

Nunca pensou em desistir?

DK – Não. Desistir nunca foi uma opção.

Fazendo uma retrospeti­va sobre tudo o que se passou, é óbvio que teria mudado muitas coisas. Como a forma de gastar o dinheiro.

DK - Sim, claro. Não teria gastado assim o dinheiro. Teria poupado e investido, por exemplo. E talvez estivesse bem hoje em dia.

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