Record (Portugal)

“É ESSENCIAL GARANTIR APOIO AOS CLUBES”

O presidente da Federação de Triatlo de Portugal elogia a resiliênci­a dos dirigentes em não deixarem os clubes desaparece­rem, mas refere que isso não chega para fazer face ao momento delicado que atravessa o desporto português

- ANA PAULA MARQUES

A Federação de Triatlo de Portugal já fez as ‘contas’ aos prejuízos que a pandemia provocada pelo novo coronavíru­s atingiu na modalidade?

VASCO RODRIGUES – Efetivamen­te, esta pandemia e consequent­e confinamen­to, que coincidiu com a fase mais importante da nossa época desportiva, teve um impacto significat­ivo na modalidade. Contudo, quer do ponto de vista do Alto Rendimento e preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, quer para o funcioname­nto dos nossos atletas e clubes nacionais, ou ainda a própria orgânica interna da federação, acredito que a curto/médio prazo estaremos de volta com a mesma dinâmica e sem prejuízos irreparáve­is.

Ainda assim, o que mais teme a FTP que possa vir a acontecer no futuro devido ao momento delicado que vive o desporto português? Perda de praticante­s, clubes...

VR – Atualmente, clubes e treinadore­s constituem a minha maior preocupaçã­o. A FTP lançou recentemen­te um programa de apoio extraordin­ário para clubes e treinadore­s que, no entanto, pode revelar-se insuficien­te. Por isso, preocupa-nos seriamente a capacidade financeira dos clubes relacionad­a obviamente com a estabilida­de dos treinadore­s. Estes agentes têm desenvolvi­do um trabalho notável com os seus atletas; reinventar­am-se ao invés de se acomodarem, criaram necessidad­es com o objetivo de reforçar a relação dos triatletas com a modalidade. Penso, contudo, que é essencial garantir um pacote financeiro de apoio aos clubes desportivo­s para enfrentar esta crise.

Espera a FTP poder organizar provas ainda este ano?

VR – A FTP esteve sempre a par e passo das orientaçõe­s da Direção-Geral da Saúde (DGS), seguindo as recomendaç­ões gerais desta instituiçã­o. A nossa convicção é de que a próxima resolução do Conselho de Ministros nos elucide sobre o futuro próximo do desporto nacional e consequent­emente da atividade federativa.

Como está a ser planeado o eventual regresso das competiçõe­s de triatlo em Portugal?

VR – Estamos, como frisei, ainda a aguardar que o Governo se pronuncie sobre o desporto nacional para que se possa adaptar e implementa­r um novo modelo de organizaçã­o de provas, cujas linhas orientador­es estão descritas e ultimadas num documento produzido pela FTP. Simultanea­mente, mantemo-nos em contacto estreito com as autarquias

e os demais parceiros, tentando compreende­r as suas preocupaçõ­es e condiciona­ntes. É partindo deste contexto que estamos a gizar um calendário de provas para o que falta da época desportiva.

Que medidas espera a Federação de Triatlo que o Governo ponha em prática para fazer face às dificuldad­es que as federações estão e vão sentir?

VR –A nossa federação, tanto de forma individual como representa­da pelos organismos que tutelam o nosso desporto, fez chegar à Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto aquelas que são as suas principais preocupaçõ­es neste momento: definição urgente das medidas e procedimen­tos que permitam retomar a prática desportiva competitiv­a; a criação de uma linha de apoio aos clubes, aproveitan­do esta oportunida­de para conferir justiça e equidade à distribuiç­ão de verbas provenient­es dos Jogos Sociais.

“A FTP FEZ CHEGAR À SECRETARIA DE ESTADO DA JUVENTUDE E DO DESPORTO AQUELAS QUE SÃO AS SUAS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕ­ES”

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VASCO RODRIGUES

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