Record (Portugal)

O mercado e o mercadinho

- Luís Aguilar jornalista

Os números chegam de Inglaterra. Cerca de 27 milhões de euros. Terá sido esta a quantia que o Arsenal investiu para contratar David Luiz. Aos 8,8 M€ pagos ao Chelsea, junta-se ainda o salário do jogador (11 milhões anuais) e comissões de intermedia­ção (cifradas em 6,7 M€). Um ano depois, o central de 33 anos deve estar de saída. Olhando para o salário e, sobretudo, para as despesas de comissões deste negócio, é natural que o futebol fique à beira do colapso quando é obrigado a parar.

Os clubes geram negócio, mas não geram riqueza. Tudo voa em salários loucos e comissões absurdas. Não estando em causa a qualidade de David Luiz, é ridículo um clube gastar

DAVID LUIZ É UM SONHO QUE OS ENCARNADOS NÃO PODEM PAGAR EM TEMPOS DE PANDEMIA

tanto para fazer apenas um ano de contrato (mais um de opção) e agora poder ver o jogador sair a custo zero. Grande negócio para David Luiz e para os agentes envolvidos na transferên­cia. Total disparate do Arsenal. E é à conta de tantas operações como esta que muitos clubes, de repente, passam a andar de corda na garganta.

O brasileiro, prestes a ser jogador livre, sonha em voltar a vestir a camisola do Benfica. Mas é um sonho que os encarnados não podem pagar – especialme­nte em tempos de pandemia – e que não deveriam tentar mesmo que fossem capazes. David Luiz pode até nem fazer novo contrato na casa dos 11 milhões por ano, mas é natural, mesmo nesta crise, que consiga mais de metade noutras paragens. O que continuari­a a ser um exagero para a realidade portuguesa e para um jogador a caminho dos 34 anos.

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