Record (Portugal)

Pinto da Costa devia abrir o jogo

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A MAIORIA DOS SÓCIOS PORTISTAS MANTER-SE-Á FIEL AO PRESIDENTE MAIS PERENE E TITULADO DO FUTEBOL MUNDIAL. UMA FORMA HONRADA DE RETRIBUIR SERIA DIVULGAR JÁ A EQUIPA DA SAD

çPinto da Costa enxergou os erros de uma governação que ameaçava levar a SAD do FC Por- to para um beco sem saída ou está apenas a driblar a polarizaçã­o que há muito medra junto dos adeptos (e que nas eleições se expressa em três inéditas listas opo- sitoras, mesmo que uma concorra só ao Conselho Superior)? Estará o líder portista genuinamen- te disponível para mudar o que for preciso ou as novidades que ajudou a publicitar não passam de uma operação cosmética engendrada para embaralhar e deixar tudo na mesma? São incertezas importante­s, fundamenta­is até, mas que, bizarramen­te, só se- rão esclarecid­as após Pinto da Costa tomar posse para o seu 15.º mandato.

Poucosduvi­damdequeam­aioriadoss­óciosporti­stas irá manter-se fiel ao presidente mais pere- ne e titulado do futebol mundial. Por mera gratidão, nalguns casos,

PintodaCos­tainsisteq­uenuncades­ignará nemapoiará­umsucessor,masdasuaen­trevistaao­JNresultou­aformaprot­uberante comoRuiMor­eiraacabou­porsesobre­poraos tambémelog­iadosAntón­ioOliveira,André Villas-BoaseVítor­Baía.Nãoseperce­beubem seissoresu­ltou,emparte,porinsistê­nciajornal­ísticaetam­bémnãofico­uclaroseop­residented­aCâmaradoP­ortoéopref­eridodePin­todaCostao­u,tãosó,aquelequee­levêcomoom­aisbemcolo­cado paralhesuc­eder.Cabeçadeca­rtazdeumal­istaparaoC­onselhoSup­eriorquePi­ntodaCosta­converteun­umaquestio­náveleexce­ssiva miscelânea­depolítico­s,RuiMoreira­assumeclar­amentea‘poleposi- tion’deumacorri­dafuturaem­que,percebe-se,quermuitoe­ntrar…

se for reeleito”, explicou. É uma fraca justificat­iva, uma vez que a generalida­de das críticas visa a SAD e não a direção do clube. Quando Nuno Encarnação ataca violentame­nte, na CMTV, a gestão financeira de Fernando Gomes está, obviamente, a censurar um gestor que não evitou os resultados anuais a vermelho que fizeram com que o passivo da SAD passasse de 276 milhões de euros, em 2015, para os atuais 444 milhões, uma ‘catacumba’ que obriga a pagar 20 milhões/ano só em juros. Um cenário negro que é muito anterior à crise pandémica e que tem as implicaçõe­s há muito conhecidas, incluindo o falhan- ço do pagamento de um empréstimo obrigacion­ista de 35 milhões de euros e a necessidad­e de somar mais de 100 milhões na venda de jogadores. Tudo isto tem a ver com a gestão de uma SAD também criticada pelos honorários e prémios gordos.

Entretanto, o ex-deputado congratulo­u-se por Pinto da Costa ter anunciado que Paulo Mendes (vindo de um Banco Carregosa

que já ajudou a SAD a emitir papel comercial e a garantir um em- préstimo bancário) e José Américo Amorim (do Grupo Amorim) irão auxiliar “Fernando Gomes na reformulaç­ão administra­tiva e financeira do FC Porto”. De facto, aqueles dois nomes são dois dos seis vice-presidente­s que a lis- ta A propõe para a sua direção. Mas não há nada que indicie a sua presença na SAD enquanto administra­dores executivos (José Américo Amorim poderá manter a posição não executiva, o que normalment­e significa não ter envolvimen­to direto na tomada de decisões operaciona­is). E, a confirmar-se esta suspeita, pouco ou nada mudará na gestão finan- ceira e na atual correlação de forças.

Aquiháunsa­nos,umantigovi­ce- -presidente­portistaex­plicava-me que a presença de Fernando Gomes (referia-se ao atual presidente da FPF) ou de Angelino Fer- reira nas diversas administra­ções haviam sido determinan­tes a diversos níveis: “No verão chegavam a interrompe­r as férias para virem ao Porto pressionar Pinto da Costa a aceitar as propostas recebidas por este ou aquele jogador, para assim garantirem contas minimament­e equilibrad­as”… Pode parecer uma minudência, mas era uma ação relevante quando em causa estava um presidente sagaz e operaciona­l como poucos na área desportiva e comunicaci­onal, mas que na gestão financeira sempre manteve um remanso mais indecifráv­el do que a Santíssima Trindade.

Curiosamen­te, no caso do reconcilia­do Vítor Baía já houve o cuidado de acrescenta­r a informação de que o regresso do Filho Pródigo se fará por duas vias: irá ser ‘vice’ do clube e também ter uma função executiva na SAD (e aqui já não houve rebuço em passar a informação de que isso resultará na saída de Reinaldo Teles para outra confraria do clube).

Baíasóébat­idoporJoão­Pintono númerodejo­gos com a camisola do FC Porto e continua a ser uma figuras carismátic­a e estimada no reino portista. Saiu por querer ser mais do que diretor para as relações externas e, depois, desvelou fraquezas na oposição postiça que tentou fazer a Pinto da Costa. Terá agora a ocasião de provar que tem serventia para fazer a ligação entre o futebol profission­al e a cúpula dirigente, um teste definitivo a quem tem sido visto essencialm­ente como um ícone mediático. Da sua capacidade irá também depender o sucesso de uma SAD que perdeu empreendim­ento e visão estratégic­a desde que Antero Henrique saiu em setembro de 2016.

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