E não é que o Queimódromo levou sumiço?
Há uma novidade formal registada entre as equipas que lutam pelo título nacional de futebol. Refiro-me à existência de um novo tipo de jogador que despontou por força de artes mágicas ou de sabe-se lá o quê. Trata-se do jogador-fantasma. É esta a novidade e não digam que não é grande. Sim, porque isto de fazer desaparecer jogadores de futebol com contrato ativo e, presumivelmente de boa saúde, é uma originalidade recente pelo que se prova que, uma vez mais, damos cartas na Eu- ropa e no Mundo em termos de efeitos especiais.
O simpático Nakajima é, sem sombra de dúvida, o caso mais exótico e mais flagrante de jogador-fantasma. O japonês que transitou do Portimonense
para o FC Porto, pura e simplesmente desapareceu, levou sumiço ou eclipsou-se. O mais certo, aliás, é ter-se extraviado. Não é visto nem achado há meses e meses e, por comiseração, já nem sequer é assunto nas páginas dos jornais. O fantasma do Nakajima, coitado, já nem assombra os colegas e o balneário. Fizeram-lhe umas rezas, desinfetaram-lhe o cacifo com sal e creolina e não se fala mais nisso.
Já no Benfica não houve caso
mais omisso do que o do suíço Haris Seferovic, que vem sendo o jogador-fantasma da temporada de 2019/20 depois de ter sido o melhor marcador da equipa e da Liga portuguesa na época de 2018/19. Findo o último defeso, o suíço, ostentando os seus créditos, viu-se relegado para o posto de 3.ª op- ção na equipa campeã e, também ele, desapareceu. À sua frente, na lista de preferências para o ataque do Benfica, posi- cionaram-se Raul de Tomas e Vinícius. Depois chegou Dyego Sousa e Seferovic,
o fantasma total, passou a ser a 4.ª opção.
Entretanto, Tomás foi-se embora, Vinícius entrou em seca e Dyego Sousa o que mais de espantoso fez neste último jogo com o Rio Ave foi acertar com uma bola na câmara da Sport TV e assistir de cabeça para o golo dos vila-condenses. Perante semelhante quadro, o fantasma suíço foi lançado para o jogo e fez com que o Benfica empatasse o jogo. Agora, dizem os jornais, voltou a ser 1.ª opção do treinador para o campeonato mais risível da História.
Nesta fantasmagórica discussão pelo título, como se não bastassem os jogadores-fantasma também há lugares que levaram sumiço como, por exemplo, o Queimódromo do Porto. O Queimódromo do Porto? – perguntarão espantados os leitores menos atentos. Sim, o Queimódromo do Porto, um recinto para festas onde há menos de um mês o presidente da Câmara do Porto queria reunir, por razões sanitárias, os adeptos dos dois maiores clubes da cidade quando fosse ocasião do dérbi da Invicta. Agora já não quer. Pelas mesmas razões sanitárias e por minudências da tabela classificativa, o edil Moreira quis adiar o FC Porto-Boavista e, pronto, lá aconteceu ao Queimódromo o mesmo que sucedeu a Nakajima. Sumiram-se. Que pena. E que lata.
O SUÍÇO VOLTOU A SER 1.ª OPÇÃO PARA O CAMPEONATO MAIS RISÍVEL DA HISTÓRIA
HÁ UM MÊS, O PRESIDENTE DA CÂMARA DO PORTO QUERIA REUNIR NO QUEIMÓDROMO OS ADEPTOS DOS DOIS MAIORES CLUBES DA CIDADE POR OCASIÃO DO DÉRBI LOCAL. AGORA JÁ NÃO QUER. E ACONTECEU AO QUEIMÓDROMO O MESMO QUE AO NAKAJIMA. SUMIRAM-SE. QUE PENA. E QUE LATA