Record (Portugal)

LAGE PASSA FOME

Águias deixam contas do título muito difíceis depois de nova derrota em casa. Mas quem oferece quatro golos corre sérios riscos de perder

- CRÓNICA DE SÉRGIO KRITHINAS

O Benfica pode ter dito, ontem, adeus à revalidaçã­o do título, depois de uma derrota em casa diante do Santa Clara. As águias tiveram bons momentos ofensivos, sobretudo após o intervalo, mas voltaram a acumular erros inexplicáv­eis na defesa, praticamen­te oferecendo quatro golos ao adversário. Acabaram por cair no quinto minuto de descontos, naquilo que foi um prémio para a coragem e astúcia de João Henriques.

Bruno Lage lançou a equipa esperada e, mais uma vez, deu a primeira parte de avanço. Sem ideias, sem ligação entre meio-campo e ataque, com Taarabt sem conseguir apoiar Seferovic e Gabriel a destacar-se em sucessivos passes falhados, o Benfica apanhou vários sustos nas transições rápidas dos açorianos. O ponta-de-lança Thiago Santana servia muitas vezes de apoio frontal e, com isso, libertava os alas Costinha e Carlos com espaço entre linhas. Do outro lado, foi em contra-ataque que as águias tiveram a melhor oportunida­de, mas Seferovic, completame­nte sozinho e com a bola no melhor pé (o esquerdo), atirou ao lado. O desfile de horrores da defesa do Benfica haveria de começar mesmo sobre o apito para o intervalo, quando Nuno Tavares, numa saída que era suposto ser rápida para o ataque, ofereceu a bola a Anderson Carvalho. O brasileiro ficou na cara de Vlachodimo­s, que bateu com muita tranquilid­ade. Tal como em Vila do Conde, Lage voltou a mexer ao intervalo, colocando Carlos Vinícius no lugar de Seferovic e lançando o até aqui proscrito Zivkovic para o lugar de Gabriel. O sérvio colou-se à direita, com Pizzi do lado oposto, o que permitiu a fixação de Rafa no corredor central. Foi pelos pés do internacio­nal português que começou a revolução: rápido a surgir entre linhas, em sucessivas combinaçõe­s com Zivkovic e André Almeida, o extremo empurrou a equipa para o empate, que ele próprio marcou, ainda na madrugada da segunda parte. A reação encarnada parecia forte, mas João Henriques não demorou a ajustar a equipa a uma nova realidade. Tirou Anderson Carvalho (amarelado e perdido perante Rafa) e colocou Nené no meio e reforçou a ala esquerda, colocando Mamadu Candé como lateral e subindo Zaidu, dando profundida­de pelo flanco. A pressão das águias esvaneceu-se e acabou por repetir-se outra história muitas vezes vista nos últi

mos jogos: canto para o Santa Clara, bola ao segundo poste e... golo. A defesa zonal do Benfica, mesmo com as pedras trocadas (Ferro mais no primeiro poste, Weigl nas costas de Rúben Dias), permitiu o salto à vontade de Zaidu, que não perdoou.

Mais uma vez, o Benfica voltou a dar um esticão na frente. Carlos Vinícius aproveitou também um erro do adversário após canto e empatou de cabeça; dois minutos depois, servido por André Almeida,

novamente de cabeça, consumou a reviravolt­a. O Benfica parecia lançado e ainda dispôs de mais um par de oportunida­des para aumentar e fechar as contas do jogo.

Tal não aconteceu. O que aconteceu, aliás, foi na outra área, com a defesa dos encarnados a dar uma mão ao ataque do Santa Clara. Neste caso, uma mão de Rúben Dias, que fez um penálti escusado numa disputa de bola após lançamento lateral. Cryzan, acabado de entrar, bateu Vlachodimo­s, dando um soco no espírito dos jogadores do Benfica. Sem pernas nem cabeça para voltar a reagir, o Benfica entregou-se à sorte do costume – mas ainda não foi desta que o chuveirinh­o para Dyego Sousa resultou. O golpe final haveria de surgir nos descontos, com uma ‘assistênci­a’ dos centrais do Benfica. Com uma defesa a jogar assim, ninguém pode ser campeão.

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