Record (Portugal)

Quanto ao Benfica, com franqueza, decide-te, pá

- VÍTOR PINTO Leonor Pinhão PAULO FUTRE Jornalista

Uma coisa é certa. Bruno Lage nasceu para ser um caso de estudo. Permanente. O seu triunfo em 2018/19 constituiu um caso de estudo, ou não? Lage era um treinador praticamen­te desconheci­do que levou o Benfica a um título que parecia impossível através de uma recuperaçã­o fenomenal. A sua desgraça em 2019/20 é outro caso de estudo, ou não? E não menos fenomenal porque não deixa de ser um verdadeiro absurdo o caso de um treinador que perde no mês do Carnaval os sete pontos de vantagem que tinha sobre o seu perseguido­r e, passando de perseguido a perseguido­r, vai somando desaires atrás de espalhanço­s até que chegue o fim para semelhante calvário.

Entre os mais variados e desvairado­s diagnóstic­os

entretanto explanados sobre este momento ímpar da história do Benfica haverá um que parece fazer todo o sentido até porque se trata de uma evidência. A equipa de futebol não acredita no seu líder. Basta ver jogar o Benfica para se validar essa hipótese cujas consequênc­ias estão à vista de todos mesmo dos que, por uma razão ou por outra, não a querem ver. E deixando, por agora, de lado as fastidiosa­s questões técnico-táticas, como poderiam os jogadores do Benfica acreditar no seu treinador quando há meses e meses que veem, como todos vemos, escarrapac­hada nas primeiras páginas dos jornais, a revelação, pouco ou nada desmentida, do ‘affair’ que supostamen- te o Benfica vem mantendo com outro treinador? uma semelhante infidelida­de, pública e repetidame­nte exposta sem o mínimo decoro, seria o suficiente para menori- zar Lage aos olhos de toda a gente da casa e, sobretudo, aos olhos de quem com ele vive e trabalha para o bem e para o mal e na saúde e na doença, os jogadores. E é também por estas coisas que se vêm arrastan- do pelas ruas da amargura as conjugalid­ades da Luz. E do Seixal, claro.

Tal como seria de esperar, esta última derrota, frente ao Santa Clara, na terça-feira passada, atiçou as brasas do espetacula­r namoro do Benfica com Jorge Jesus nos jornais, nas televisões e nas internets. Por uma questão de elogiável bom senso – sempre tão difícil de atingir neste género de ocorrência­s –, nem o Benfica nem Jorge Jesus pronunciar­am uma palavra que fosse sobre tal assunto mas, para o grande público, Bruno Lage está formalment­e despedido e, como complement­o, o atual treinador do Flamengo habilita-se a ser o seu sucessor. Para o grande público nunca é grave ver-se entretido com coisas destas mas, para os jogadores do Benfica é gravíssimo poderem sequer imaginar que o tempo do seu treinador acabou embora o continuem a ver todos os dias úteis.

E como é que uma coisa destas vai acabar? A questão está na ordem do dia há dezenas e dezenas de dias. Ora, por isso mesmo, a questão vai acabar mal, pessimamen­te. Aliás, já nem é uma questão, é um massacre, aliás, são dois massacres. Um massacre para Lage e outro massacre para o Benfica. Quanto a Lage, paciência, meteste-te a jeito. Quanto ao Benfica, com franqueza, decide-te, pá. A impiedade, de facto, galopa neste reino.

PARA O GRANDE PÚBLICO BRUNO LAGE ESTÁ FORMALMENT­E DESPEDIDO

E COMO É QUE UMA COISA DESTAS VAI ACABAR? A QUESTÃO ESTÁ NA ORDEM DO DIA E VAI ACABAR MAL, PESSIMAMEN­TE. ALIÁS, JÁ NEM É UMA QUESTÃO, É UM MASSACRE, ALIÁS, SÃO DOIS MASSACRES. UM MASSACRE PARA LAGE E OUTRO MASSACRE PARA O BENFICA

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