Respeito
Luciano Gonçalves
A pandemia veio mostrar-nos que a vida é muito mais importante do que imaginamos e que nós não lhe atribuímos o real valor. Infelizmente, só quando os perdemos é que damos importância às pessoas ou valores que realmente contam.
Curioso é também a influência que a Covid tem tido na sociedade e no seio político. Basta pensar que há semanas Portugal era a referência para a Europa pela forma como lidava com a situação e, passados estes dias, somos dos países europeus que mais restrições tem quanto à circulação de pessoas oriundas de Portugal noutros países. E assim se passa num ápice de bestiais a bestas.
Que isto sirva de ensinamento para todos nós, não apenas pelos erros constantes que estamos a cometer devido ao facilitismo com a Covid, seja pela forma como alguns teimam em ‘jogar’ quer com os números, quer com a comunicação, ou simplesmente seja pela falta de humildade, pois quando se está em cima, há um natural esquecimento que a vida é um carrossel e facilmente descemos.
Não posso terminar sem abordar um tema que esta semana marcou a nossa classe e que pessoalmente me deixa bastante triste, revoltado e até com algum sentimento de saturação, pois insiste-se em puxar para a praça pública assuntos do foro pessoal e profissional como se estivessem associados à arbitragem. Para 98% dos árbitros isto é apenas um hobby.
No grupo de inspetores da Autoridade Tributária também deviam existir pessoas que têm como hobby outras atividades, mais que não seja praticar golfe, ser escuteirosou jogar apenas à sueca, mas infelizmente esses hobbies não alimentam notícias. É mais fácil carregar numa atividade que movimenta milhares de árbitros que contribuem para que o seu filho, o meu e tantos outros possam praticar desporto em Portugal. Com regras e respeito. Respeito. Essa palavra que se diz tão facilmente, mas que se pratica tão pouco. Que tenhamos a capacidade de nos respeitar e separar o trigo do joio.