Herdeiro de Shankly
çJürgen Klopp tem sido justamente referido como o verdadeiro herdeiro de Shankly em Anfield Road, porque se o escocês lançou as bases do Liverpool tal como o conhecemos hoje, o alemão revigorou-o e terminou com um ciclo depressivo.
A exemplo do que havia feito no Mainz e no Dortmund, o sucesso de Klopp não foi instantâneo na cidade dos Beatles, antes resultado de um trabalho qualificado. Após substituir Brendan Rodgers e ganhar a corrida a Carlo Ancelotti, Klopp não ganhou nada nos três primeiros anos: somou um oitavo lugar na Premier League na primeira época (entrou a meio) e dois quartos nas seguintes. No quarto foi campeão europeu, terminando com um jejum de 14 anos, juntando-lhe a Supertaça e o Mundial de Clubes. E acaba de conseguir o título inglês, o primeiro no formato Premier, depois de 30 longos anos sem abrir o champanhe (o último acontecera em 1990, numa equipa dirigida por Kenny Dalglish e que tinha Ian Rush como principal figura). Consagrou-se a sete jornadas do fim, feito histórico, e com 23 pontos de vantagem sobre o City, segundo classificado.
Este conjunto de resultados refletiu um investimento avultado em reforços de qualidade, mas não tanto como muitos pensam, porque, desde 2015, o saldo entre compras e vendas foi negativo em apenas 100 milhões de euros.
Em Inglaterra, Klopp conquistou o Kop, a bancada mítica, com o seu futebol feito de “gegenpressing” (armadilhas de pressão, numa tradução livre) e também com a sua personalidade exuberante e divertida. Numa cidade socialista e muito sustentada pela imigração irlandesa, o discurso esquerdista e contestatário de Klopp também conseguiu muitos adeptos, designadamente quando fez campanha contra o Brexit ou quando criticou a estratégia de Boris Johnson durante a pandemia.