Record (Portugal)

O teimoso e o Patinhas

- Carlos Barbosa da Cruz AZEVEDO

O Benfica tinha tudo para ganhar, este ano, o campeonato. Com o Sporting debilitado – e claramente derrotado na Supertaça – e o Porto em fair play financeiro e desertado de cinco titulares indiscutív­eis, tinha o Benfica o dinheiro e o plantel que a concorrênc­ia não possuía.

Essa superiorid­ade manifesta no papel não se confirmou, dentro e fora de portas. Hoje, o Benfica devia ter 15 pontos de avanço na Liga e uma presença europeia honrosa, e nada disso acontece.

Para mim, concorrem, em conjunção quase astral, duas razões: a teimosia tática do treinador e o mercantili­smo do presidente.

Apartirdae­ntradade Weigledasa­ídade RDT, o Benfica alterou o seu desenho competitiv­o, com menos presença na área e menos dinâmica nas transições. Se a isto juntarmos um período de menor fulgor de peças essenciais e a constataçã­o que os anunciados diamantes da defesa não tinham os quilates anunciados, é fácil entender este calvário de equívocos, em que o Benfica labora.

Por outro lado, por muita alquimia que o Seixal proclame, nem sempre é certo que os que vêm substituir os que foram vendidos, apresentem a mesma qualidade. O Benfica quer encaixar dinheiro nas vendas e manter a competitiv­idade desportiva, equação que se afigura impossível de resolver. O Seixal é bom, mas não é a fórmula mágica.

Só entendo a composição da equipa em jogos da Champions, a obstinação em Weigl, o não substituir Vinícius, o não escalar Florentino, à luz de opções predominan­temente comerciais. Vieira faz figura de Tio Patinhas, mas Lage não é o Gastão e até a sorte falta, quando era mais precisa.

Agora que o vento estival do infortúnio sopra forte para os lados da Luz, o lixo acumulado debaixo do tapete emerge, e Gonçalves, Rangel, Boaventura,

NO TEMPO DE UM CONJUNTO DE BENFIQUIST­AS TEVE A CORAGEMDES­EINSURGIR

Rui Pinto, vão pairar quais espetros, por cima de uma reeleição que se antevia fácil, mas que, surpreende­ntemente, se complicou.

O discurso do presidente no rescaldo da derrota dos Barreiros, sob a aparência de humilde contrição, é de um descarado eleitorali­smo. Onde era imperioso pedir desculpa e animar os benfiquist­as, prevaleceu o puxar de galões pela obra feita.

No tempo de Vale e Azevedo, um conjunto de benfiquist­as teve a coragem de se insurgir e derrotar o incumbente; será que agora, já não há ninguém que se indigne?

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tá prestes a estrear-se na equipa principal
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Wendel e Tatiana Pinto

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