Record (Portugal)

Quatro finais para ganhar uma Taça

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çPara o Sporting atingir a final teve de ultrapassa­r nas meias-finais o Benfica e foram precisos… três jogos. Quem ficou a ganhar foram os adeptos, que antes da final ‘oficial’ assistiram a mais três ‘pré-finais’!

Se no primeiro jogo o Benfica surpreende­ra o Sporting por 2-1, na segunda mão perderam os encarnados por 3-2. Esse encontro ficaria marcado por um episódio de menor elevação entre jogadores, originando a expulsão de Peyroteo, do Sporting, e de Moreira, do Benfica. Sem grande espaço no calendário para o imprevisto terceiro encontro, o desafio foi jogado apenas 62 horas depois. Devendo disputar-se em local neutro, foi escolhido o Campo do Lumiar A, espaço de reduzidas dimensões que obviamente lotou, apesar de o jogo ter sido disputado durante a semana e em horário tardio.

No Lumiar A jogava habitualme­nte a CUF e o campo não apresentav­a as melhores condições: era um velho terreno esburacado e coberto de areia. Mas foi mesmo na ‘praia do Lumiar’ que os jogadores se espraiaram perante a elevada temperatur­a que se fazia sentir. Ainda com a Segunda Grande Guerra por terminar, águias e leões preparavam-se para uma guerra mais inócua e de espírito desportivo, naquela que, feitas as contas a todas as competiçõe­s, seria a 8ª batalha entre os dois pelotões nessa temporada. E foi aos 21 minutos do segundo tempo que o golo do sportingui­sta Albano consentiu a vitória por 1-0, permitindo que após… quatro horas e meia de jogo (!) se encontrass­e o finalista!

Após o dérbi, o Sporting exercia uma supremacia direta perante o rival que viria a perder-se com o tempo: naquele momento, os leões alcançavam a 73ª vitória, contando ainda com 64 derrotas e 26 empates, resultados alcançados com 303 golos marcados e 290 sofridos. A rivalidade ficou caricatura­da no comentário de um espectador: se um dia houver um dérbi do jogo do berlinde entre águias e leões no Estádio Nacional… não ficará um lugar vazio! Num jogo sem incidentes, quem também aproveitou a torreira do sol foi um vendedor de chapéus de papel, ainda que sem rasgo suficiente para também atender ao gosto dos leões, porque só utilizou papel vermelho e branco. Tais sportingui­stas terão preferido esquentar a cabeça com o sol do que enfiar um barrete com tais cores, sujeitando-se ainda o vendedor a ser brindado à Vasco Santana: “Chapéus há muitos, seu palerma”!

 ??  ?? O guarda-redes Rosa (Benfica) e o avançado Peyroteo (Sporting) travam uma batalha nas alturas
O guarda-redes Rosa (Benfica) e o avançado Peyroteo (Sporting) travam uma batalha nas alturas
 ??  ?? Albano apontou o golo que levou o Sporting à final de 1945
Albano apontou o golo que levou o Sporting à final de 1945

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