Record (Portugal)

Duas coisas que não chegam

- Jornalista Leonor Pinhão

Esta noite, pelas 21h15, entram dois Veríssimos em ação no Estádio da Luz. Um é árbitro e chama-se Fábio e o outro é treinador e chama-se Nélson. Ver-se-á no fim do jogo qual dos Veríssimos esteve melhor. Do Fábio somam os benfiquist­as razões de queixa em catadupa embora recomende o pudor, e até o bom senso, que não se fale de árbitros quando a produção da equipa de futebol vem, por sua vez, somando deceções em cadeia. Quanto ao Nélson, para já, não há nada que os adeptos lhe possam apontar porque nunca foi treinador principal do Benfica. Nunca foi e, de facto, não é. As notícias referem, simplesmen­te, que Nélson Veríssimo é quem logo à noite se vai “sentar no banco” no lugar anteriorme­nte ocupado por Bruno Lage, de quem foi subalterno durante o ano e meio em que Lage foi treinador do Benfica a sério.

Há uma grande diferença formal

entre ser-se o treinador e ser-se o tipo que se senta no banco, como será o caso de Nél- son Veríssimo até ao fim da corrente temporada tal como parece. Não tem nada a perder, Veríssimo, porque dificilmen­te fará pior do que o seu infeliz antecessor e chefe de equipa. Nos últimos cinco meses o Benfica só levou de vencida um desafio – em Vila do Conde, na casa do Rio Ave – e não há como escamotear que foi jogando contra nove que conseguiu, e muito a custo, dar a volta ao resultado e sair de campo com os 3 pontos que se impunham. É verdade que por força da sua grandeza o Benfica é sempre épico, quer seja para o bem, quer seja para o mal.

E este mal que se instalou, em

termos de epicidade, não tem paralelo na sua História. É neste pormenor que Nélson Veríssimo se deve concentrar quando mais logo se sentar onde o mandaram sentar – no banco – e quando o árbitro, também Veríssimo, apitar para o início do jogo com o Boavista. E como fazer pior é praticamen­te impossível, é caso para se dizer que ao treinador interino do Benfica foi oferecida a possibilid­ade de, em meia dúzia de jogos, garantir a qualificaç­ão para a uma pré-eliminatór­ia e para o playoff de acesso à Champions e ainda conquistar a Taça de Portugal.

Muitos clubes em Portugal festejaria­m rijamente qualquer temporada finda com a Taça de Portugal no bolso e com os milhões da Liga dos Campeões em perspetiva. Mas muitos mesmo. Quase todos, na verdade. Mas ao Benfica uma coisa destas não chega. Melhor, duas coisas destas não chegam e sendo, justamente, este o caderno de encargos adjudicado a Nélson Veríssimo até ao próximo dia 1 de agosto, todos, os que gostam do vermelho, lhe desejamos as maiores felicidade­s. Boa sorte ao homem que se vai sentar no banco, portanto.

Noquerespe­itaaonome do sucessor do sucessor do sucessor do sucessor de Jorge Jesus no Benfica, para já, não há novidades. Não há, nem podia haver, naturalmen­te.

O BENFICA É SEMPRE ÉPICO, QUER SEJA PARA O BEM, QUER SEJA PARA O MAL

HÁ UMA GRANDE DIFERENÇA FORMAL ENTRE SER-SE O TREINADOR E SER-SE O TIPO QUE SE SENTA NO BANCO, COMO SERÁ O CASO DE NÉLSON VERÍSSIMO ATÉ AO FIM DA TEMPORADA. VERÍSSIMO DIFICILMEN­TE FARÁ PIOR DO QUE O SEU INFELIZ ANTECESSOR E CHEFE DE EQUIPA

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal