Record (Portugal)

DRAGÕES A UM PONTO DO 29º TÍTULO

Final feliz desbravado na segunda parte. Dragões sorriram muito, tremeram um pouco, mas mereceram os pontos que Marchesín guardou

- CRÓNICA DE ANDRÉ MONTEIRO

O FC Porto está a um ponto de se sagrar campeão e até pode consegui-lo sem entrar em campo, basta para isso que, na próxima jornada, o Benfica – que joga na terça-feira, um dia antes dos dragões – não vença o V. Guimarães.

Ainda sem saber o resultado que as águias viriam a averbar em Famalicão, o FC Porto garantiu em Tondela o que efetivamen­te lhe importava e dizia respeito. Uma vitória tão importante quanto merecida, que contemplou alguma ansiedade, fruto do momento de pressão que a equipa de Sérgio Conceição não podia deixar de sentir com a meta final tão ali à vista. Foi aí que Marchesín pegou no champanhe gelado pela equipa, especialme­nte na segunda parte, e o guardou a sete chaves num cofre que Tomislav Strkalj esteve perto de arrombar. Se o calcanhar de Aquiles é sinónimo de fraqueza, o de Marchesín foi uma fortaleza. O susto não esconde que o rendimento do FC Porto tenha sido muito superior ao do Tondela. Se o argentino pode ter evitado um empate, foi a equipa que garantiu a vitória. Até Marega participou nesse feito, pese embora o infeliz amuo que protagoniz­ou nos minutos finais. Mas já lá vamos... Com o FC Porto a seguir o guião habitual, foi o Tondela que inovou, apresentan­do-se num 3x4x3 em que Moufi e Pité foram os responsáve­is pelos corredores e João Pedro apoiava os dois avançados móveis. Os dragões entraram dominadore­s, atacando sobretudo pelo flanco direito, onde se iam cruzando Manafá, Otávio e, de quando em vez, Marega e Corona. E foi nesta sua melhor fase na etapa inicial, ironicamen­te pela esquerda, que os azuis e brancos mais perto estiveram de marcar. Marega cabeceou para a defesa de Babacar

Niasse e o próprio senegalês, com uma intervençã­o em esforço, evitou a recarga de Soares. As duas equipas viriam a rematar mais um par de vezes cada até ao intervalo, mas sem perigo. Realidade fruto das dificuldad­es sentidas pelo FC Porto para consolidar o seu jogo no miolo, que os tondelense­s condiciona­vam tanto em zona interior como nos corredores. A substituiç­ão de Sérgio Oliveira, lesionado, por Danilo Pereira nada mudou. A grande mudança protagoniz­ada pelo médio deu-se após o reatamento. O seu golo soltou os dragões, desamarrou o próprio jogo e foi com o Tondela a tentar a sua sorte, já mais adiantado, que

Corona lançou Marega para o 2-0. O triunfo parecia seguro, o FC Porto dispunha de mais espaço, mas o penálti de Ronan deixou os azuis e brancos inquietos. Corona e Fábio Vieira procuravam lançar Marega e Luis Díaz em profundida­de; porém, o desconfort­o era claro. Tanto que Conceição não esteve com meias-medidas e avançou com Diogo Leite para 3º central. Apesar do sentido pragmático, Strkalj esteve a míseros milímetros de chegar ao 2-2, não fosse o tal calcanhar de Marchesín, aos 87’. O susto passou e a alegria voltou após o 3-1 de Fábio Vieira, num penálti já nos descontos.

Marega para refletir

O amuo de Marega, de tão inusitado, merece uma nota própria. Que atire a primeira pedra quem nunca reagiu a quente, quem nunca errou. O maliano não ‘matou’ ninguém, mas a sua atitude, mesmo que momentânea, tem de obrigá-lo a refletir. Marega é um elemento de uma equipa, ontem não se comportou como tal nos últimos minutos. Alhear-se dos colegas, tocar a bola de primeira sem aparente interesse e sair disparado para os balneários, sozinho, logo após o apito final, foi achar-se maior do que a equipa, maior do que o jogo. Este jogo é o futebol e, por muitas voltas que o Mundo dê, há de ser sempre de 11 contra 11.

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