Elites, Conceição e Vieira
O CANCRO DO SPORTING CHAMOU-SE PROJECTO ROQUETTE E O PRIMEIRO A APONTAR O PESADELO QUE AÍ VINHA FOI JOÃO ROCHA. AS ELITES SÃO SINÓNIMO DE ALGOZES. SÃO TÓXICAS. OS CLUBES SÃO DO POVO
Li em Record que um grupo de benfiquistas estava a formar um movimento, cito o artigo, para “congregar elites de diversas áreas”. Do clube deles, bem como de Sporting e FC Porto, a base para serem grandes é a sua cultura e implantação populares. E todos deviam saber que o nosso próprio país tem, como escrevo há tanto tempo noutros jornais, há décadas elites medíocres e incultas que o desgovernam a partir de empresas e banca que têm conduzido para um buraco negro que só os impostos de todos os portugueses têm coberto como se os nossos bolsos fossem um poço sem fundo. Logo, sem meter a foice em seara alheia, julgo que devem rever o posicionamento. Até porque os vou ajudar com o que conheço do Sporting por onde tantas dessas elites medíocres e incultas exibiram (e exibem) egos, penachos e respiram o pedantismo pleno de certezas dos perfeitos ignorantes. A sua herança são os quase 500 milhões que ainda os leões andam a pagar. Desta cas- ta de senhores feudais, que deseja constantemente um líder fraco para manter os seus nichos de poder, saiu a narrativa de que o cancro do Sporting era Bruno de Carvalho (ele que teve inúmeros defeitos, sobretudo os que lhe apontei desde a primeira hora, como alguns se esquecem, de a forma não ajudar o conteúdo. De os seus exa- geros comunicacionais terem ofuscado o excelente trabalho que fez nos dois primeiros anos do seu mandato). Ora, isso não é verdadeiro. O cancro do Sporting chamou-se Projecto Roquette, e o primeiro a apontar, mais uma vez visionário, o pesadelo que aí vinha foi o grande João Rocha, que ontem faria 90 anos. Hoje, todos sabemos que afinal as elites são sinónimo de algozes. São tóxicas. Os clubes são do povo.
Este jornal tem provavelmente os dois colunistas mais ‘Conceiçólogos’ da imprensa: o Vítor Pinto (espero que ele não leve a mal) e eu. Da minha parte choro a rir com alguns comentadores que duvidavam do talento de Sérgio Conceição, que o achavam um trauliteiro com pouca inteligência emocional. Agora, leio hipócritas vénias a um homem que é o responsável máximo pelas alegrias dos dragões e que ganha dois campeonatos em três anos com plantéis bem longe da qualidade dos adversários. Naquela temporada em que todos duvidavam dele, na minha primeira crónica aqui, recordei que a alma de campeão, o sangue de guerrilheiro, a força vital de quem tem raízes humildes e só tem uma opção na vida para ser feliz que é ganhar ou ganhar, são o cimento que une um grupo de trabalho e mantém a esperança de uma Nação. Esteve encostado às cordas, quase abandonado, mas ele aí está e com o bónus do pote de ouro da Champions que salva um clube à beira do colapso financeiro. Grande.
Nunca vi Luís Filipe Vieira tão encurralado
e tão à nora dependente de um homem. Jorge Jesus é o seu salvador, quando há pouco tempo tinha um processo de 14 milhões contra ele do Benfica e era demonizado pela comunicação encarnada por não ter apostado no Seixal. Dá para rir com tantos ziguezagues.
CHORO A RIR COM ALGUNS COMENTADORES QUE DUVIDAVAM DO TALENTO DE CONCEIÇÃO
* Texto escrito com a antiga ortografia