Record (Portugal)

A IMAGEM DE UMA ÉPOCA

Tal como aconteceu durante a temporada, a águia entrou mandona e consistent­e, ganhou avanço mas esbanjou tudo na reta final

- CRÓNICA DE LUÍS PEDRO SOUSA

O Benfica deixou de ter razões para sonhar com o título e não conseguiu garantir matematica­mente o 2 º lugar da Liga. Estes foram os resultados práticos de mais 2 pontos ontem perdidos, desta feita em Famalicão. A partida frente à equipa-sensação do campeonato tem, aliás, muitas semelhança­s com o desempenho dos encarnados ao longo de toda a temporada. De um modo geral, as águias entraram dominadora­s e a revelar uma consistênc­ia que ainda não tinha sido vista desde a retoma da Liga, mas, num ápice, e até de uma forma difícil de explicar, desligaram-se do jogo e consentira­m o empate já no último quarto de hora.

Com Jardel a dar consistênc­ia defensiva, um meio-campo sóbrio nos momentos defensivo e ofensivo e uma ala esquerda em bom plano, foi um Benfica ‘à antiga’ no início do encontro, se bem que as oportunida­des de golo tivessem sido repartidas na primeira meia hora. Cervi e Seferovic, para o lado das águias, e Pedro Gonçalves, em duas ocasiões, ameaçaram inaugurar o marcador.

Foi, contudo, com alguma justiça, face ao domínio territoria­l, à atitude mais ofensiva e à maior capacidade de controlar o jogo que o Benfica chegou à vantagem, numa jogada em que foi materializ­ado o bom entendimen­to até aí revelado entre Nuno Tavares e Cervi. O jovem serviu o argentino, que ofereceu o golo de bandeja a Seferovic. Defendi deteve, num primeiro momento, o remate do suíço, mas Pizzi não perdoou na recarga. O guarda-redes famalicens­e esteve mesmo inspirado em vários momentos, opondo-se, com um punhado de intervençõ­es preciosas, à artilharia do ainda campeão nacional.

Na segunda parte, e depois de um início algo sensaborão, o cariz da partida não se alterou substancia­lmente. Após o primeiro quarto de hora, o Benfica dispôs, aliás, de várias oportunida­des para chegar ao 2-0. Mesmo sem realizar uma exibição brilhante, os comandados de Nélson Veríssimo não sentiam dificuldad­es para impor o seu futebol. Chiquinho, Pizzi, Cervi e Vinícius tiveram, até ao apagão coletivo, possibilid­ades reais de construíre­m um resultado eloquente.

Já com uma hora de jogo cumprida, o treinador dos minhotos, João Pedro Sousa, decidiu então arriscar e colocar em funcioname­nto uma máquina que sur

preendeu tudo e todos durante praticamen­te toda a temporada. Depois de ter substituíd­o o inconseque­nte, mas também desapoiado, Del Campo, apostou posteriorm­ente em Walterson, que, mesmo sem marcar, começou a semear o caos na defesa benfiquist­a. Protagoniz­ou duas jogadas de fino recorte técnico e... virou o jogo.

Mas foi a última ‘bateria’ de substituiç­ões, já nos 10 minutos finais, a revelar-se decisiva para o empate. Guga entrou para marcar o golo dos minhotos, três minutos volvidos da sua entrada em campo, e Ivo Pinto ainda foi a tempo de um ou outro corte precioso.

Do lado do Benfica, as alterações não resultaram, apesar de até fazerem sentido do ponto de vista teórico. Ainda antes do empate famalicens­e , entraram Vinícius, que foi tão cinzento como Seferovic, Samaris, que não emprestou ao coletivo a consistênc­ia defensiva que dele se aguardava, e Rafa, confuso e atabalhoad­o. Não parte final, o encontro ameaçou ‘cair’ para qualquer dos lados. O Benfica rondou a balizado do opositor e o Famalicão também deixou Vlachodimo­s em sobressalt­o. Mas o ‘inútil’ empate subsistiu. O Benfica adiou apenas o já inevitável título do FC Porto e o Famalicão deixou-se ultrapassa­r pelo Rio Ave, que ascendeu à 5ª posição.

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