MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS
A Covid-19 teve e continuará a ter impacto em várias áreas da sociedade. O futebol não é exceção, com competições suspensas durante meses e até terminadas antecipadamente. Além do que se passa dentro das quatro linhas, será que as quebras de receitas, nomeadamente em bilheteira, patrocínios e direitos de transmissão televisiva vão ter efeito no mercado de transferências? Um diretor desportivo, que preferiu não se identificar, confidencia a Record que os “preços baixaram muito”. Isto aplica-se principalmente para o ponto de vista do clube comprador, porque o vendedor acaba por, como habitualmente, tentar obter o máximo possível pelo seu ativo. Um empresário português que trabalha no mercado nacional e internacional prevê que só aconteça “um terço do valor das transferências do ano passado”. E há outro pormenor. “Estamos em julho e parece que é abril. Em termos de contratações vai ser muito lento”, acrescenta este agente, que também pediu anonimato. Os diferentes prazos quanto ao fim das competições fazem com que muitas transferências estejam em pausa, até porque as posições finais na classificação influenciam o investimento. Veja-se o caso de França: a Ligue 1 foi dada como concluída em abril e enquanto o Marselha de André Villas-Boas já está em pré-época, o PSG ainda vai jogar a Liga dos Campeões em agosto. E o mercado estará aberto até 5 de outubro. Outro especialista da área contactado por Record, este com intervenção direta em Portugal e Inglaterra, reforça a questão dos timings e aponta as maiores dificuldades, especificando o mercado intermédio, aquele em que a fasquia de negócios varia entre os três e os dez milhões de euros. “Jogadores livres e empréstimos vão ser opções a ter em conta”, diz-nos. A troca de jogadores poderá ser outra forma de negócio a ganhar uma maior relevância. Seja como for, certo é que nem todos os clubes vão sentir problemas na hora de contratar. Alguns dos principais tubarões europeus já deram sinais de que continuará a haver muitos milhões de euros a circular. Só o Chelsea já desembolsou quase 100 M€ em dois jogadores (Timo Werner e Hakim Ziyech), sendo que o avançado alemão acabará por ser pago com o valor recebido do Atlético Madrid por Álvaro Morata – o espanhol está emprestado e ficará a título definitivo. O Barcelona é outro exemplo, com dois jogadores, o bósnio Pjanic e o português Trincão, no top 10 dos mais caros para a época 2020/21 até agora.