Campeões de máscara: a 1 ponto da glória
çQuinta-feira, depois da vitória do FC Porto frente ao Tondela e do empate do Ben- fica em Famalicão, muitos adeptos do clube nortenho receberam a sua equipa em apoteose no regresso ao Dra- gão. Embora fosse evidente a falta de distanciamento social, a generalidade dos parti- cipantes no festejo usavam máscara.
A partida foi bem disputada. Danilo, capitão de equipa, marcou o primeiro golo. Marega marcou o segundo tento e quis bisar quando surgiu a oportunidade de co- brar um penálti. Sérgio Conceição assim não entendeu e terá dado a indicação de que a grande penalidade seria marcada pelo jovem Fábio Vieira, que converteu de forma exemplar o lance capital. Marega reagiu intempestivamente, tendo pontapeado a bola para fora do campo, mostrado alheamento na celebração desse golo e falta de concentração nos últimos minutos do jogo.
O espírito altamente combativo do atleta prevaleceu, sendo notória a dificuldade imediata de lidar com a frustração, que degenerou num comportamento desorganizado e pouco empenhado na realização das tarefas técnicas e relacionais que se impunha cumprir dentro da sua equipa.
O atleta precisa de trabalhar o que reconhece como agressão, identificar claramente todos os gatilhos que ativam este mecanismo, e deve desenvolver estratégias para regressar a uma situação de autocontrolo, usando esta energia mobilizadora de forma positiva, ajustando-se às necessidades do grupo. O atleta pode e deve beneficiar de apoio psicológico para prevenir estes episódios.
Interessa também perceber o que esteve na origem da falta de compromisso social de muitos adeptos ao festejarem sem máscara a chegada dos atletas. Com efeito, quando não existe um planeamento para o trabalho em grupo, acontece o que se chama de ‘social loafing’, em que determinados membros de um grupo exercem menos esforço do que fariam se trabalhassem sozinhos, escondendo-se atrás do esforço realizado pelos outros membros (Ringelman). O uso da máscara e o cumprimento do distanciamento social são tarefas simples e incómodas, mas são muito importantes nesta fase.
A CIDADE DO PORTO TEM DADO
NÃO NOS DEIXEMOS VENCER PELA PREGUIÇA SOCIAL
O campeonato ainda não acabou. Sérgio Conceição e a sua equipa podem vir a precisar de mais um ponto. Os adeptos do FC Porto ainda não podem festejar o título e não devem esquecer-se de que também estão a lutar num campeonato de saúde pública. A cidade do Porto tem dado um exemplo de grande maturidade neste campeonato. Não nos deixemos vencer pela preguiça social. Estamos a 1 ponto da glória.