Record (Portugal)

A culpa é da águia Vitória

ANDRÉ ALMEIDA É EXEMPLAR, PIZZI UMA MÁQUINA E RAFA DE SELEÇÃO. A SAD DEU TODAS AS CONDIÇÕES. TUDO PERFEITO. SÓ FALTA EXPLICAR COMO FOI POSSÍVEL O BENFICA PERDER 22 PONTOS EM 12 JOGOS

- Vítor Pinto Chefe de redação ALEXANDRE PAIS

1 A culpa só pode ser da águia Vitória. Se André Almeida é um exemplo de abnegação contra ventos, marés e lesões graves; se o sempre tão criticado Pizzi tem registos individuai­s que afinal o colocam na melhor época da sua carreira; se Rafa merece loas por ter atingido o seu melhor rendimento pelo Benfica e voltou à Seleção Nacional; se a SAD deu mesmo plenas condições ao grupo de trabalho para ter sucesso; se Luís Filipe Vieira esteve sempre perto do grupo e soube intervir em momentos cruciais no sentido de vincar a sua autoridade e ajudar o treinador; se Domingos Soares de Oliveira consolidou mesmo uma máquina financeira que transpira solvência e pelo acumular de lucros pode sufocar a concorrênc­ia pela credibilid­ade que grangeia; se Rui Costa está mesmo a fazer a diferença no escrutínio das oportunida­des de mercado e sem deixar de puxar dos galões que justamente conquistou junto de alguns intérprete­s do futebol nacional; se os adeptos estão mesmo unidos em torno da administra­ção e da equipa e tanto a contestaçã­o, o lançamento de pedras, os insultos e a formação de movimentos de oposição são apenas fogachos sem expressão que irão esbarrar na sensatez dos sócios. Então está mesmo tudo perfeito na Luz.

2 Posto isto, a saída da cri-se desportiva é simples. Basta explicar como foi possível a equipa representa­tiva da estrutura mais forte, com- petente, rentável e endinheira­da do futebol português desperdiça­r 22 pontos em apenas 12 jornadas. Essa é a pergunta dos 50 milhões de euros que ficariam garantidos pelo acesso direto à Liga dos Campeões em caso de título e que, ao que tudo indica, terão de ser jogados na roleta das pré-eliminatór­ias europeias onde nunca se sabe quando surge um Krasnodar na esquina errada. A dedução lógica seria atribuir a responsabi­lidade a Bruno Lage pelo descalabro que começou mesmo antes da pandemia. Mas não, o professor Lage, ainda que em silêncio, também é ilibado das culpas no cartório mais concorrido do futebol português.

3 Mesmo do outro lado do Atlântico e ainda a braços com a decisão de um troféu frente ao Fluminense, Jorge Jesus tem menos um problema quando finalmente se entender com Luís Filipe Vieira e abandonar o Brasil na hora certa antes que a tragédia epidemioló­gica acabe com o futebol na América do Sul. Não é necessária uma limpeza de balneário, muito menos uma varridela na estrutura. Basta despachar a águia Vitória. Desligando o modo irónico, não adianta a Vieira perder noites de sono, abrir os cordões à bolsa e expor-se a críticas nem sempre justas se perante o abismo todos garantem que fizeram o que lhes pediram enquanto assobiam para o ar e se autoelogia­m. Essa cultura sim, é a receita do desastre.

JORGE JESUS TERÁ COMO PRIMEIRO DESAFIO CRIAR

UMA NOVA CULTURA DE RESPONSABI­LIZAÇÃO

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