Record (Portugal)

Com Rúben Amorim o Sporting lidera

- PAULO FUTRE

Que papel teve ou está a ter na contrataçã­o do novo treinador do Benfica? HUGO MARTINS, POMBAL

Na semana passada contei neste espaço como conheci Luís Filipe Vieira, no início dos anos 1990, e a grande amizade que surgiu a partir daí e que dura até hoje. Como homem do futebol sinto-me orgulhoso quando o Atlético Madrid pede a minha opinião quando estão interessad­os num jogador português e também quando o Luís me pediu a minha opinião sobre algum jogador estrangeir­o nestes 17 anos como presidente do Benfica. Numa grande equipa, Hugo, de vez em quando surgem situações de grande dúvida e é muito normal o presidente (ou o diretor desportivo com todo o poder para contratar, como era o meu caso no At. Madrid ) ouvir a opinião de duas ou três pessoas de máxima confiança. Imagina o teu treinador querer um jogador e o ‘scout’ dizer que não tem nível para o clube ou vice-versa... Digo isto porque, uma coisa é o Luís pedir uma opinião sobre jogadores e outra muito diferente é pedir sobre este ou aquele treinador. Isso, comigo, nunca aconteceu. Agora, como deves estar a referir-te ao que disse na CM TV, volto a repetir, desta vez teclando. Alguém disse ao Luís que o treinador de guarda-redes da equipa técnica do Mauricio Pochettino era meu amigo porque tinha jogado no Atlético Madrid e em caso de falhar a sua primeira opção este seria o único treinador estrangeir­o que queria, porque tinha estado (contra todos os prognóstic­os) na final da Champions de 2019 e os jogadores vão acreditar nele e ganhar confiança quando ele disser que é possível chegar à final. Por esta razão, pediu-me para falar com o argentino e explicar-lhe o projeto do Benfica para os próximos quatro anos e a grande equipa que vai fazer para que dentro de dois ou três anos não esteja tão longe (como está hoje) dos tubarões da Europa e, com uma pontinha de sorte, chegar a uma final e poder concretiza­r o sonho da sua vida, que é o sonho de todos os benfiquist­as. Depois de dizer isto ao Mauricio, ele dis- se-me que estava disposto a ouvir o presidente e passei a bola ao Luís. Esta foi a única vez que falei com o argentino e a chama

da não durou mais de cinco minutos. O meu papel ... nem no guião entra!

R Rafa, que para mim é o melhor jogador do Benfica, deixou de ser titular. Há alguma explicação para isso? PAULO RODRIGUES, VISEU

Não conheço o Rafa pessoalmen­te

e não sei como treina, mas vendo as coisas de fora pensamos os dois igual Paulo. E faz-me uma certa confusão porque o Rafa, quando está bem, é imparável e na minha opinião já tinha ganho o estatuto de poder dizer: “Aqui sou sempre eu e mais dez.”

R Que se passa com João Félix

no At. Madrid? Não está a aguentar a pressão? VANDA LIMA, LISBOA

Tive a grande honra de estar ao lado do João no Wanda Metropo- litano, no dia da sua apresentaç­ão, mas no final estava um pou- co revoltado porque, a maioria das perguntas que lhe fizeram os espanhóis eram sobre o dinheiro que ele tinha custado, e disse isto ao João quando estávamos sozinhos: “A minha transferên­cia do F C Porto para o Atlético, em 1987, era a segunda mais cara da história do futebol e as perguntas que te fizeram hoje foram as mesmas que me fizeram todos os dias até novembro. No meu primeiro dérbi, no Bernabéu, o Atlético ganhou 4-0 e abri o livro de tal maneira (um golo e duas assistênci­as) que nunca mais ouvi falar no dinheiro que custei. Esta pressão diária só acabará quando rebentares com o Real Madrid sozinho”. Dias depois confirmara­m que, em agosto, Real e Atlético jogariam um amigável e disse ao João que para os adeptos colchonero­s, quando jogamos contra os merengues, é sempre a doer, por isso: “Encara como se fosse a final da Champions e se abres já o livro a pergunta do dinheiro acaba”, disse. O João tinha 19 anos, Vanda, estava com toda a pressão e bastou aquele jogo para responder-te à segunda parte da tua pergunta. Os merengues foram humilhados por 7-3 e o menino fez uma exibição de luxo (duas assistênci­as e um golo), sendo o homem do jogo. Bastaram 90 minutos para os seus companheir­os verem o génio que tinham contratado e para a maioria dos colchonero­s (na primeira vez que viam o João jogar) ficarem loucos. E digo isto porque se vires o que a imprensa espanhola disse do João nos seus primeiros seis jogos vais encontrar: “que génio, que craque, autêntica estrela com 19 anos. Vale muito mais do que os 120 milhões que custou”. Ainda assim, quando os resultados são maus, aparecem comentário­s estranhos, alguns que são apenas de má-fé. Mas, os colchonero­s sabem o craque que têm e não se deixam influencia­r por maldades. Vanda, se admiras o João, não te deixes influencia­r também com tudo o que chega de Espanha. Quanto à primeira parte da tua pergunta, a resposta perfeita deu o ‘Cholo’ Simeone em dezembro, depois do jogo com o Osasuna, quando disse que cada vez que o João toca na bola perto da área é sempre sintoma de perigo, mas acaba os jogos sem gasolina e tenho que ver como vou fazer para ele não correr tanto para trás em tarefas defensivas. Aqui também tens a resposta para que, em 27 jogos do campeonato, o João tenha sido substituíd­o em 17.

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