GRITO DE REVOLTA NA PRAÇA DO BOCAGE
SÓCIOS PROTESTARAM NA RUA
Inconformados com a decisão da Liga de decretar a descida do V. Setúbal ao Campeonato de Portugal, mais de 200 adeptos sadinos reuniram-se ontem na Praça de Bocage, no coração da cidade, como forma de protesto por uma deliberação que consideram injusta. Além de cantarem a marcha do clube, os presentes entoaram cânticos de desagrado que tiveram como alvos a Liga e o seu presidente, Pedro Proença.
Apesar de a manifestação ter sido marcada horas antes nas redes sociais, muitos vitorianos equipados a rigor responderam de forma afirmativa ao desafio de depositarem os seus cachecóis junto da estátua do poeta sadino. Unidas, as duas claques do clube – VIII Exército e Grupo 1910 – abraçaram o monumento de homenagem a Bocage com uma bandeira gigante e uma tarja com a inscrição “Nunca estarão sós”.
Entre os presentes estava José Oliveira, de 72 anos e sócio do clube há 60. A Record, o septuagenário fez questão de mostrar o seu cartão que prova ser filiado desde 1960. “Sempre vi o Vitória lá em cima e agora, de repente, não sei como vai sobreviver se a decisão não for revertida”, admite, referindo que a filha e o filho, este a viver no Brasil, e os seus três netos são todos sócios. A comoção a que se assistiu ontem tem paralelo com o dia 21 de junho de 1951, dia em que milhares de setubalenses encheram a Praça de Bocage para contestar uma descida na secretaria. “Na tarde de quinta-feira, concentraram-se na Praça de Bocage, em frente da sede do Vitória, milhares de pessoas, uma multidão compacta e entusiástica, mas ordeira. Na varanda flutuavam ao vento a bandeira nacional e a do clube e sobre o muro encontravam-se expostos todos os seus troféus, que patenteiam a sua brilhante atividade”, escreveu o nosso jornal na altura.