Record (Portugal)

O desporto pelos nomes

- Sandro D. Araújo * PASSAR A SER INCLUSIVO * VICE-PRESIDENTE DO COMITÉ PARALÍMPIC­O DE PORTUGAL

çA prática do desporto na sua dimensão mais inclusiva conquistou um espaço próprio no seio do ecossistem­a desportivo, mas também junto do público e da sociedade em geral. A consolidaç­ão das condições institucio­nais, financeira­s, técnicas e competitiv­as do desporto para pessoas com deficiênci­a é, contudo, um processo em curso, e que apresenta desafios apaixonant­es, pela forma como clarifica as diferenças que a todos nos separam, mas também como releva o que de mais importante nos une.

A ADAPTAÇÃO NÃO É UM FIM, MAS UM PROCESSO PARA O DESPORTO

A um ano dos Jogos de Tóquio, os valores paralímpic­os da ‘Coragem’, ‘Determinaç­ão’, ‘Inspiração’ e ‘Igualdade’ continuam poderosame­nte a orientar milhares de atletas que, em Portugal e no estrangeir­o, adiaram, pelos motivos sabidos, a subida ao palco maior do desporto mundial. São valores e palavras fortes, com a ‘gravitas’ associada à superação e agonismo que constituem o cerne do desporto, bem como da vida, onde todos somos iguais. Apesar de diferentes.

Da mesma forma, a superação do preconceit­o passa, também, pelo uso de palavras e expressões que enformem positivame­nte o pensamento e a ação, e pela eliminação de outras, inadequada­s. Até quando persistirã­o termos anacrónico­s como desporto ‘regular’ (existirão porventura práticas ‘irregulare­s’)? E a referência às modalidade­s ‘adaptadas’ (pressupor-se-á que haverá outras, as ‘inadaptada­s’)? Tal como no caso de um edifício, ou de um veículo, a adaptação não é um fim em si, mas apenas processo, evolutivo e transitóri­o, para o Desporto passar a ser – isso sim! – inclusivo.

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