Primeiro passo numa nova vida
Prova ganha por Vítor Rodrigues e Patrycja Bereznowska marcou o regresso pós-paragem
Não bastasse a tarefa de levar a cabo uma das provas mais longas do nosso país, a organização da PT 281+ teve este ano a missão de ser a primeira a fazê-lo em plena pandemia. Por isso, ainda antes de os atletas fazerem os 281 quilómetros na Beira Baixa, no passado fim de semana, teve de garantir que as medidas da DGS eram cumpridas. Uma missão que abraçaram com sucesso. “Temos a sensação de dever cumprido. Produzimos um evento de qualidade e as pessoas saem com imagem positiva da região e de Portugal, especialmente sendo a primeira prova em altura de pandemia”, frisa Paulo Garcia, o organizador de um evento que teve Vítor Rodrigues e Patrycja Bereznowska como vencedores. Um sentimento positivo que ganha mais força perante as dificuldades encontradas. Não tanto pelo protocolo a seguir, que foi aceite pelos atletas sem ‘queixas’ – até porque passava essencialmente por seguir as regras de “distanciamento físico, etiqueta respiratória e higiene pessoal” –, mas antes pelos problemas levantados pelas autarquias. Numa delas, revela, a população não permitiu a passagem e obrigou a mudanças no percurso. “Tivemos de nos adaptar ao que era permitido. Tivemos bases de apoio à beira da estrada, algumas delas ao sol, pois não nos cederam espaços ou sombras. Por vezes senti-me desrespeitado, porque pura e simplesmente não respondiam”, assume. Ainda assim, Paulo Garcia faz questão de enaltecer o apoio fundamental das Câmaras de Proença-a-Nova, Belmonte e Sabugal, que permitiram levar a cabo uma prova que teve cerca de 100 atletas, mais 40 do que em 2019. Olhando para trás, o organizador assume que a maior mudança passou pelo reforço do pessoal destacado em 15%, especialmente devido aos abastecimentos, que passaram a ser feitos de forma individualizada e não em sistema de ‘buffet’. Ao todo foram mais de 100 pessoas envolvidas, 40 delas de equipas médicas, para que fosse realizada uma competição que pode servir de exemplo para outras organizações. É esse o desejo de Paulo Garcia, que admite já ter sido contactado, não escondendo a esperança que o caso da PT281+ inspire outras a seguir com os seus planos de retoma. Mas, por agora, só pensa em descansar, até porque ao longo desta incrível jornada diz ter dormido um total de 5 horas... em quatro dias!