Record (Portugal)

Oferecer caprichos à espera de títulos

- PAULO FUTRE

Feddal, Porro, Adán… Compreende-se a política de contrataçõ­es do Sporting? VÍTOR PEREIRA, LOURES

Como homem do futebol sei há muito tempo que um jogador só é de uma equipa quando passa nos exames médicos e assina contrato com o clube. Vítor, estes jogadores de que falas e muitos outros que saíram à luz pública nas últimas semanas, por agora, são só rumores, porque o Sporting, oficialmen­te, ainda não anunciou nenhuma contrataçã­o. Mas, mesmo que tivesse contratado algum jogador, só poderia responder corretamen­te à tua pergunta quando o mercado fechasse. E isso será só lá para outubro.

Não seria benéfico que o FC Porto esclareces­se de uma vez por todas o ‘caso Nakajima’ ? RUI MARTINS, PORTO

Este tema é tão delicado Rui, que só podia dar a minha opinião se conhecesse pessoalmen­te o Nakajima e especialme­nte o seu caráter. Mas não é o caso.

Considera que o painel televisivo de comentador­es afetos aos três grandes só gera ódio e desinforma­ção? JOÃO SOUSA, ALBUFEIRA

João, quando vi este parágrafo do comunicado da SIC – “A pandemia podia ter ajudado a que os agentes do futebol percebesse­m bem a situação em que o futebol, como toda a sociedade, se encon- tra, mas infelizmen­te não foi isso que aconteceu. Ou seja, o re- gresso do futebol voltou ainda pior do que estava antes em termos de guerra entre os clubes” – fiquei um pouco confuso e pensei: Se os programas tivessem acabado devido à pandemia... entendia. Agora, o que não entendo foi o programa ‘Dia Seguinte’ (que estava no ar desde 2003) ter sobrevivid­o ao longo destes 17 anos a guerras mundiais e nucleares entre os três grandes clubes, com climas de ódio e terror em que houve muitos feridos e até um adepto do Sporting assassinad­o e, incrivelme­nte, João, acabou quando, ao contrário do normal, se vive um clima quase de paz entre os clunador bes. Os presidente­s sentaram-se lado a lado recentemen­te, quan- do precisaram de debater problemas de todos, e não têm acon- tecido muitas questões de violência, até porque nos estádios não há público.

E depois li outro parágrafo: “Esse ambiente de toxicidade que se foi criando à volta deste tipo de programas, e para o qual contribuem muito os próprios clubes e as suas máquinas de comunicaçã­o, coloca-nos perante uma situação de que chegou a altura de terminar este tipo de programas na SIC Notícias.” Aqui, confesso, também não entendi muito bem e voltei a sentir uma certa confu- são porque parece que, desde o primeiro programa do ‘Dia Seguinte’, em 2003, até ao dia do co- municado, as máquinas de comunicaçã­o dos clubes eram per- feitas e colaborava­m sempre com a imprensa, e o futebol português ganhou várias vezes o prémio Nobel do respeito porque nenhum dirigente insultou um árbitro ou rivais, e ninguém fez uma mínima declaração a in- centivar a violência durante os 17 anos de vida do ‘Dia Seguinte’. O ambiente no futebol português durante 17 anos foi maravi- lhoso, João, mas incrivelme­nte depois da pandemia o ambiente do futebol português começou a ser de grande toxicidade e por esta razão o programa teve de acabar...

E ainda li que este é “um formato que se desgastou pelo acumular dos anos e é uma oportu- nidade para a SIC criar aqui um marco disruptivo, ganhando notoriedad­e relativame­nte à TVI”.

Acho que entendi tudo, João. E vou tentar explicar-te no meu idioma futebolíst­ico. A vida de qualquer programa de televisão, seja ele deste ou daquele es- tilo, é igual à vida de um treinador de futebol. A única coisa diferente é o momento do resulta- do. O treinador sabe, logo depois do jogo, se ganhou, empatou ou perdeu e um programa de televisão só sabe se ganhou, empatou ou perdeu no dia seguinte, de manhã, quando saem os resultados da audiência. Um treiganhad­or pode estar muitos anos na mesma equipa como foi o caso de Alex Ferguson (27 anos no Manchester United) e outros técnicos que perderam os dois primeiros jogos foram demitidos e só duraram duas semanas. Na televisão passa-se o mesmo, mas quem manda é o público. Se um programa for líder de audiências na sua faixa horária pode durar anos e anos, como por exemplo o ‘Dia Seguinte’, que esteve 17 anos no ar, mas outros só duraram duas semanas. O Ferguson viu que era tempo de acabar a sua carreira e reformou-se, mas a televisão é um negócio e aí a palavra reformar não existe. Um programa, por muitos anos que tenha sido líder de audiências e ganhado muitos campeonato­s, se começa a ter números horríveis e luta para não descer de divisão, não tem hipótese de sobreviver e morre. Digo isto porque, há mais ou menos 7 anos e meio, tive uma reunião com os homens-fortes da CMTV, quando o canal ainda tinha meses de vida, e o Octávio Ribeiro e o Carlos Rodrigues disseram-me que estavam a fabricar o carro perfeito para que, dentro de alguns anos, competisse­m com os carros da SIC Notícias e a TVI24. Aceitei o desafio, mas não sabia que o carro era um Ferrari. Quando chegou o momento da verdade, os carros da concorrênc­ia nem o viram passar. E já foram dobrados várias vezes nas audiências. Quando jogava perdi algumas vezes com o Real Madrid e publicamen­te era impossível dar-lhe os parabéns, mas recordo que depois de um jogo no Bernabéu (onde nos ganharam justamente), no túnel, dei os parabéns a alguns jogadores merengues. Este mundo da televisão é muito parecido, e neste caso seria impossível aos responsáve­is da SIC darem os parabéns ao Octávio Ribeiro e ao Carlos Rodrigues no tal comunicado. Mas penso que seria muito normal darem pessoalmen­te os parabéns aos homens que inventaram aquela máquina, que há 8 anos lideram as audiências de cabo... isoladíssi­mos. Se, por acaso, ainda não o fizeram... faço eu por eles! Só vocês os dois acreditava­m que era possível derrotar programas históricos da concorrênc­ia. Muitos parabéns!

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