Encontraram petróleo na Luz?
Com a pandemia choveram promessas de prudência financeira. Os impactos da Covid-19 obrigavam a que o mercado de verão fosse muito menos quente do que nos anos anteriores e que a redução de custos fosse a regra. Nas próximas semanas saberemos se a prática vai jogar com a teoria. Por cá, já temos um clube em contraciclo.
Perdido o Campeonato e a
Taça, com eleições em outubro, no Benfica o ano da pandemia e da quebra histórica no PIB é para abrir os cordões à bolsa. Se ficar os dois anos, toda a ‘operação Jesus’ custará perto de 20 milhões, uma inflação brutal face à anterior equipa técnica.
O treinador deixou o Flamengo com a promessa de o clube segurar talentos e contratar novos para reforçar o plantel. Edison Cavani, a aposta para o ataque, poderá custar até 36 milhões. Trazer Cebolinha, o extremo do Gré- mio de Porto Alegre, pode levar entre 25 e 30 milhões dos cofres da Luz. Cabrera pode custar mais de 10 milhões.
São ainda meras hipóteses,
mas mostram a vontade do Benfica em continuar a investir, depois de ter contrata- do Pedrinho ao Corinthians em maio por 20 milhões, o mesmo que pagou para ‘roubar’ Julian Weigl ao Borussia no mercado de inverno. A folha salarial, que vem aumentando nos últimos anos, promete dar um valente salto.
O Benfica aguenta? Se o sucesso desportivo tem sido mais volátil, o financeiro tem-se repetido nos últimos anos, com lucros recorde. Isso dá algum conforto, mas basta o Benfica exagerar nos gastos e não ter as receitas a que se tem habituado, seja da transferência de jogadores ou da Champions (que no novo exercício não está garantida), para que o buraco volte as contas.
Este ano não há o encaixe de João Félix. Os 50 milhões de euros conseguidos no último empréstimo obrigacionista deram fôlego à tesouraria, mas há juros para pagar e uma dívida acrescida para saldar. A menos que Luís Filipe Vieira tenha encontrado petróleo na Luz, as finanças da SAD vão apertar.
Já no Sporting e FC Porto a prioridade é mesmo para puxar pela receita vendendo jogadores e cortar nos custos. Frederico Varandas já tem faturas de muitos milhões em atraso – Rúben Amorim e Sporar, pelo menos – e Pinto de Costa tem o fair play financeiro à perna.
Jorge Jesus ou Cavani são como o polidesportivo ou as obras no centro da cidade que se estreiam em ano de eleições autárquicas. A equipa do Benfica terminou a época devastada, sem ânimo ou propósito, coisas que o dinheiro não compra. Ainda assim, com os rivais na retranca, é questionável a necessidade de tamanho investimento no plantel, mas também é verdade que as crises trazem oportunidades e uma aposta em contraciclo pode ser uma forma de ganhar vantagem. Em plena pandemia e com a incerteza que existe pela frente, o risco é elevado.
COM O INVESTIMENTO QUE AÍ VEM AS FINANÇAS DA SAD DO BENFICA VÃO APERTAR
O BENFICA PREPARA-SE PARA GASTAR COMO NUNCA NO ANO MAIS DURO DE SEMPRE PARA A ECONOMIA