Record (Portugal)

Encontrara­m petróleo na Luz?

- JOSÉ MANUEL FREITAS André Veríssimo Diretor do Negócios RUI DIAS

Com a pandemia choveram promessas de prudência financeira. Os impactos da Covid-19 obrigavam a que o mercado de verão fosse muito menos quente do que nos anos anteriores e que a redução de custos fosse a regra. Nas próximas semanas saberemos se a prática vai jogar com a teoria. Por cá, já temos um clube em contracicl­o.

Perdido o Campeonato e a

Taça, com eleições em outubro, no Benfica o ano da pandemia e da quebra histórica no PIB é para abrir os cordões à bolsa. Se ficar os dois anos, toda a ‘operação Jesus’ custará perto de 20 milhões, uma inflação brutal face à anterior equipa técnica.

O treinador deixou o Flamengo com a promessa de o clube segurar talentos e contratar novos para reforçar o plantel. Edison Cavani, a aposta para o ataque, poderá custar até 36 milhões. Trazer Cebolinha, o extremo do Gré- mio de Porto Alegre, pode levar entre 25 e 30 milhões dos cofres da Luz. Cabrera pode custar mais de 10 milhões.

São ainda meras hipóteses,

mas mostram a vontade do Benfica em continuar a investir, depois de ter contrata- do Pedrinho ao Corinthian­s em maio por 20 milhões, o mesmo que pagou para ‘roubar’ Julian Weigl ao Borussia no mercado de inverno. A folha salarial, que vem aumentando nos últimos anos, promete dar um valente salto.

O Benfica aguenta? Se o sucesso desportivo tem sido mais volátil, o financeiro tem-se repetido nos últimos anos, com lucros recorde. Isso dá algum conforto, mas basta o Benfica exagerar nos gastos e não ter as receitas a que se tem habituado, seja da transferên­cia de jogadores ou da Champions (que no novo exercício não está garantida), para que o buraco volte as contas.

Este ano não há o encaixe de João Félix. Os 50 milhões de euros conseguido­s no último empréstimo obrigacion­ista deram fôlego à tesouraria, mas há juros para pagar e uma dívida acrescida para saldar. A menos que Luís Filipe Vieira tenha encontrado petróleo na Luz, as finanças da SAD vão apertar.

Já no Sporting e FC Porto a prioridade é mesmo para puxar pela receita vendendo jogadores e cortar nos custos. Frederico Varandas já tem faturas de muitos milhões em atraso – Rúben Amorim e Sporar, pelo menos – e Pinto de Costa tem o fair play financeiro à perna.

Jorge Jesus ou Cavani são como o polidespor­tivo ou as obras no centro da cidade que se estreiam em ano de eleições autárquica­s. A equipa do Benfica terminou a época devastada, sem ânimo ou propósito, coisas que o dinheiro não compra. Ainda assim, com os rivais na retranca, é questionáv­el a necessidad­e de tamanho investimen­to no plantel, mas também é verdade que as crises trazem oportunida­des e uma aposta em contracicl­o pode ser uma forma de ganhar vantagem. Em plena pandemia e com a incerteza que existe pela frente, o risco é elevado.

COM O INVESTIMEN­TO QUE AÍ VEM AS FINANÇAS DA SAD DO BENFICA VÃO APERTAR

O BENFICA PREPARA-SE PARA GASTAR COMO NUNCA NO ANO MAIS DURO DE SEMPRE PARA A ECONOMIA

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal