O elevador da glória
NO EPÍLOGO DA ÉPOCA MAIS LONGA DAS NOSSAS VIDAS, EM QUE SE JOGOU POUCO E, DEMASIADAS VEZES, MAL, IMPORTA SUBLINHAR A AFIRMAÇÃO DE TALENTOS FORA DO EIXO FORMADO POR FC PORTO, BENFICA, SP. BRAGA E SPORTING, OS QUATRO PRIMEIROS CLASSIFICADOS DO CAMPEONATO, QUE SE MOSTRAM PREPARADOS PARA PATAMARES COMPETITIVOS MAIS ELEVADOS
çHélton Leite (Boavista, 1990).
Contratado, em julho de 2018, ao Botafogo, o filho de João
Leite, antigo internacional brasileiro que passou pelo V. Guimarães, teve impacto imediato. Porém, uma lesão nos ligamentos cruzados afastou-o da competição entre fevereiro e setembro de 2019. Aposta clara de Daniel Ramos, Hélton recuperou o papel de protagonista. Com um controlo espacial tremendo da baliza e reflexos admiráveis, protagoniza defesas espetaculares na sequência de remates de curta, de média e de longa distância, além de ser agressivo na resolução de situações de um contra um e de mostrar conforto no recurso a uma construção longa. Deve melhorar o controlo da profundidade, sobretudo para se impor numa equipa que lute por títulos.
Borevkovic (Rio
Ave, 1997). Descoberto pelo Rio Ave, em junho de 2018, no Rudes, após ter despontado na base do Dínamo Zagreb, o internacional sub-21 croata é um defe- sa-central destro de físico robusto. Forte pelo ar nas duas áreas, mesmo que possa vir a tornar-se mais impositivo nos duelos, patenteia um bom tempo de entrada aos lances e serenidade no posicionamento, o que o torna acutilante em ações de antecipação e de desarme. Com a bola nos pés revela enorme conforto na assunção de ações de construção.
Nehuén Pérez (Famalicão, 2000).
Emprestado pelo
At. Madrid, a boa época em Famalicão abonou-lhe o debute pela seleção principal da Argentina num particular diante do Uruguai. Vigoroso e autoritário nos duelos corpo a corpo, manifesta-se extremamente incisivo a protagonizar ações de desar- me, ainda que possa melhorar o tempo de entrada aos lances, e destemido a oferecer o corpo à bola. Não se esconde na primeira fase de construção, evidenciando atributos no passe a diferentes distâncias.
Matheus Reis (Rio
Ave, 1995). O lateral-esquerdo formado nas escolas do São Paulo, clube ao qual o Rio Ave o contratou em julho de 2018, registou uma evolução notável com Carlos Carvalhal. Com uma surpreendente maturidade tática, que lhe permitiu funcionar perfeitamente como lateral profundo ou como terceiro central pela esquerda, conjuga velocidade e agilidade com bons argumentos a protagonizar ações de construção e de condução, até porque revela qualidades no drible, no passe e nos cruzamentos. Impetuoso e faltoso cresceu mui- to nos capítulos do posicionamento e do desarme.
Diogo Gonçalves (Famalicão, 1997). O extremo cedido pelo
Benfica sentiu arduidades, após uma época inócua no Nottingham Forest, para se impor como titular no Famalicão. Contudo, soube esperar pela sua oportunidade, agarrando-a de forma pungente, como atestam os 7 golos e 10 assistências . Extremamente veloz e mordaz a atacar os espaços vazios, o que o torna dilacerante na perscrutação de contragolpes, melhorou substan- cialmente a decisão e a definição no remate, nos passes de rutura e nos cruzamentos. Apesar de necessitar de se tornar mais acutilante em espaços curtos, no futu- ro pode converter-se em lateral de perfil ofensivo.
Gustavo Assunção (Famalicão, 2000). Formado nas escolas do At. Madrid, o filho de Paulo Assunção é um médio-defensivo luso-brasileiro que está longe de esgotar as suas virtudes na tremenda sagacidade posicional, o que lhe permite cortar inúmeras linhas de passe, e na ferocidade no desarme. É, igualmente, um jogador que interpreta com uma perspicácia esdrúxu- la a transição de uns momentos para os outros, fruto de uma intensidade cerebral inusitada, incrementada por excelentes predicados na leitura do jogo e na construção a diferentes distâncias, sempre com uma imperturbabilidade quase glaciar na toma- da de decisão.
PedroGonçalves (Famalicão,1998).
Descoberto pelo Famalicão nos sub-23 do Wolverhampton, após passagens pelos escalões de base de Valencia e Sp. Braga, ninguém pode excluí-lo do galardão de maior revelação do exercício, percebendo-se que o salto para um patamar competiti- vo superior está iminente. Médio- -centro moderno, que se sente tre- mendamente confortável com bola, assume ações de condução com firmeza, criando desequilíbrios através do drible, mas também é incisivo na leitura do jogo e nos passes de rutura, além de mostrar agressividade na chegada a zonas de finalização.
Nuno Santos (Rio Ave, 1995). Superada, na fase final de 2018/19, a segunda lesão grave da sua carreira, Nuno Santos teve resposta contundente, como atestam os 5 golos e 7 assistências em 38 jogos oficiais. Canhoto, mais utilizado no corredor esquerdo, de forma a tirar partido da agressividade e ferocidade com que oferece largura e ataca a profundidade, pode também atuar a partir do corredor direito em busca de diagonais para o espaço interior. Desequilibrador no um contra um com espaços, patenteia também argúcia a protagonizar ações de condução concluídas com cruzamentos mordazes e passes de rutura suculentos.
Marcus Edwards (Vitória SC Guimarães, 1998). Internacional inglês em todos os escalões entre os sub-16 e os sub-20, o extremo formado no Tottenham rumou a Guimarães, após cedências ao Excelsior e ao Norwich, a título definitivo. Talhado para atuar a partir do corredor direito, o canhoto veloz e ágil distingue-se pela superior qualidade técnica, pela audácia a assumir ações de condução, e pela sumptuosa capacidade para criar desequilíbrios no um contra um. A evolução clara na tomada de decisão e na definição permitiu que afiançasse 9 golos e 9 assistências em 36 jogos oficiais.
Fábio Martins (Famalicão, 1993). A falta de espaço no Sp. Braga com Abel Ferreira conduziu-o a um empréstimo ao Famalicão, que o catapultou para a melhor temporada da sua carreira, como comprovam os 12 golos e as 6 assistências em 29 jogos para o campeonato. Veloz, ágil, desassossegado e virtuoso, o destro, capaz de atuar a partir do corredor esquerdo ou nas costas do avançado, é corrosivo a protagonizar diagonais com bola para o espaço interior, interligando condução e desequilíbrio através da sua ampla gama de dribles. Dilacerante na criação, tanto através de passes de rutura como de cruzamentos, patenteia atributos na finalização.
Mehdi Taremi (Rio
Ave, 1992). Internacional iraniano, contratado pelo Rio Ave ao Al Gharafa, assumiu-se como um dos grandes protagonistas do exercício, algo atestado pelos 18 tentos que apontou, determinantes para a melhor época da história dos vila-condenses. Utilizado, preferencialmente, como referência ofensiva, a sua mobilidade efervescente permite-lhe ocupar outros espaços, jogando a toda a largura do ataque. Agressivo na reação à perda e contundente no ataque à profundidade, sabe associar-se, exprimindo elevado engodo pela baliza rival.