Tempo de expectativas
NUNCA VI OS SPORTINGUISTAS TÃO DESALENTADOS, A ESMORECEREM NA SUA PAIXÃO. E A APROVAÇÃO DO I-VOTING É O PRINCÍPIO DO FIM DO SPORTING COMO O CONHECEMOS
Pedro Proença (e bem) já ameaçou que se houver público na Fórmula 1 a realizar no Algarve, vai bater o pé ao Governo e DGS. Mas nem devia esperar tanto, quando já sabemos que se aguardam 100 mil pessoas para a Festa do ‘Avante’. Exigem-se critérios coerentes, com a certeza de que o futebol sem público tem menos sal e é um rombo directo indiscutível nas finanças dos clubes.
Vivemos a época que motiva
todos os adeptos, aquela altura em que se conhecem as trutas que podem enriquecer plantéis, mas nestes dias estranhos e de incerteza não é bem assim. É um mercado esquisito, que deixa atónitos quem continua a ouvir falar de grandes operações de milhões quando ninguém sabe quando voltam os adeptos aos estádios e se uma segunda vaga do vírus matará a indústria.
Por cá, só falando dos três
grandes, Benfica, agarrando nas palavras de Jorge Jesus, promete ser arrasador e com um investimento que só prova que Luís Filipe Vieira é um homem desesperado, precisa de ganhar eleições e aquela rábula de afirmar que ia consultar a família para ver se ia continuar foi apenas um péssimo momento de uma má revista do Parque Mayer. As expectativas estão elevadíssimas, qualquer derrapagem será um passo para o precipício.
No FC Porto assiste-se, apesar da renda garantida da Champions, a um regresso ao merca- do interno para compensar uma série de craques e alguns jovens promissores que terão de sair para safar as contas. Cláudio Ramos, Pedro Gonçal- ves, Taremi, Zaidu, Toni Martí- nez são jogadores muito interessantes numa época em que mais uma vez Sérgio Conceição será o verdadeiro ás de trunfo.
Estou em Sesimbra de férias, todos os anos converso com amigos que dizem “este ano é que é”; pois bem, nunca vi os sportinguistas tão desalentados, sem qualquer empatia com o presidente, a esmorecerem tanto na sua paixão. E Porro, Feddal, Adán e Antunes não empolgam ninguém. Rúben Amorim terá papel importantíssimo na regeneração desta esperança adormecida, o seu discurso que tem sido bom terá de reerguer um clube novamente dividido, agora por causa do I-Voting. E se um dia João Rocha alertou e com razão para os malefícios do ‘Projecto Roquette’ que aí vinha, é tempo de se dizer que a aprovação do I-Voting (sou contra) é o princípio do fim do Sporting como o conhecemos. O alargamento do voto electrónico presencial aos núcleos bastava, o I-Voting não é seguro nem confiável e ainda o ano passado os sócios do Barcelona o chumbaram. Mas nos leões as expectativas estão tão baixas, que isso até poderá ajudar na pressão que não existirá.
PS: Uma palavra para António Freitas, presidente do Aves, num combate contra um bando de vigaristas e que me faz lembrar a luta de António Fiúza em defesa do Gil Vicente noutros tempos e por outros motivos. Estes são os combates que valem a pena pela justiça e idoneidade do futebol. * Texto escrito com a antiga ortografia
PORRO, FEDDAL, ADÁN E ANTUNES NÃO EMPOLGAM
NINGUÉM