“AS MULHERES SÃO MAIS EXIGENTES”
Aos 44 anos, o treinador do futsal feminino do Benfica conta com uma carreira marcante e tem o objetivo de fazer crescer o conceito da atleta feminina em Portugal. Para 2020/21 aponta à conquista de todos os títulos
ç Na época passada assumiu o comando do futsal feminino do Benfica. Considera que este é o maior desafio da sua carreira?
PEDRO HENRIQUES - Quando recebi o convite, aceitei, pois tinha perante mim um grupo de atletas muito ambiciosas. Eu, como treinador e pessoa, também sou, e penso que foi um casamento na perfeição.
+ Por que motivo treinar uma equipa feminina, ao invés de uma masculina?
PH - Ao contrário do que muitos pensam, as mulheres são mais exigentes. Não quer dizer que os homens não o sejam também, mas elas são muito mais perfeccionistas.
+ A que se deve o maior protagonismo do desporto feminino nos últimos anos?
PH - De facto, o futebol e o futsal feminino cresceram bastante. Contudo, até considero que esse crescimento refreou um bocado no caso do futsal. + Porquê?
PH - Primeiro, devido à questão da pandemia e, depois, porque o futebol veio retirar algumas atletas ao futsal. Não podemos comparar-nos ao futebol, nomeadamente no que toca às questões financeiras, pois no futebol ganha-se muito mais dinheiro. Mas quem ama o futsal não abandona a modalidade, pois é superapaixonante e às vezes o dinheiro não é tudo.
+ Considera que a Federação Portuguesa de Futebol tem trabalhado bem para relevar a atleta feminina no nosso país?
PH - Nesse aspeto dou os parabéns à nossa Federação pelo excelente trabalho. Em termos de Seleção somos uma referência, mas tudo isso deve-se ao trabalho que já é efetuado nos clubes. Temos de continuar a trabalhar em sintonia, mas tendo em atenção o aspeto da formação. O recrutamento começa desde pequenas e não quando já têm 20 anos. No Benfica temos dedicado maior atenção a esse pormenor. Vamos abrir mais um escalão nas escolinhas de futsal, só no feminino, pois consideramos que é importante formar a atleta do futsal cada vez mais nova. Isso garante-lhes uma maior vantagem
quando elas chegam ao escalão de juniores ou mesmo ao de seniores. + Considera que este ano haverá maior pressão no Benfica para ganhar o que foi ‘negado’ pela paragem devido à pandemia?
PH - Quem está nesta casa convive com a alta pressão de ganhar sempre, e tem de ser assim. Temos uma excelente equipa e queremos ganhar e jogar bem. Isso é algo que tem de estar patente na
cabeça das atletas, do treinador e da estrutura em redor. + Recentemente, o Benfica renovou com duas jogadoras importantes: Janice e Fifó. Como define a importância delas dentro da quadra e no balneário?
PH - São duas atletas de grande referência, até mundial. Mas antes de referir alguém individualmente, prefiro realçar o coletivo, pois outras têm a mesma dimensão e importância, caso da nossa
capitã, a Inês, ou a Sara e a Ana Catarina, por exemplo. + Considera que o atual formato desportivo no feminino é o mais adequado?
PH - No contexto nacional sou apologista do formato playoff, como acontece no masculino. O facto de podermos jogar contra as melhores equipas semana após semana é mais estimulante para as jogadoras e para nós, treinadores.
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“NO FUTEBOL GANHA-SE MAIS DINHEIRO, MAS QUEM AMA O FUTSAL NÃO ABANDONA A MODALIDADE”