Record (Portugal)

“PANDEMIA PROVOU A MAIS-VALIA DOS NOSSOS ATLETAS”

A um ano da realização dos Jogos Paralímpic­os, em Tóquio, Chefe de Missão abordou a preparação portuguesa, elogiou a determinaç­ão dos protagonis­tas e lembrou a importânci­a de “prestar apoio ao desporto nesta altura difícil”

- RAFAEL SOARES

ç Se tudo acontecer como é previsto, os Jogos Paralímpic­os começam a 24 de agosto, ou seja, daqui a aproximada­mente um ano. A alteração da data provocada pela pandemia mudou a missão portuguesa?

LEILA MARQUES – A motivação mantém-se exatamente a mesma. O mérito é dos atletas, que permanecer­am com a cabeça no objetivo, têm sido fortes física e psicologic­amente. A pandemia transtorno­u a preparação e obrigou-os a uma revisão do plano de trabalho. O Comité Paralímpic­o de Portugal (CPP) reajustou aquilo que era possível, à medida que as informaçõe­s foram disponibil­izadas. Procuramos manter o nosso plano de base, reconhecen­do uma flexibilid­ade conforme o que for decorrendo nos próximos meses e contando que possa haver Jogos.

+ Sente que ainda podem vir a ser cancelados?

LM – Queremos acreditar que vão decorrer e estamos a trabalhar para isso. Esperemos que a competição decorra com segurança.

+ Quais as preocupaçõ­es que sentiu por parte dos atletas nos últimos meses?

LM – Sempre foi não perderem a condição física e tentarem manter-se ativos enquanto cumpriam a quarentena. Acabou por ser uma questão psicológic­a, precisaram de uma grande resistênci­a para vencerem este transtorno. Neste momento, praticamen­te já todos treinam regularmen­te. Acreditamo­s que no próximo ano vamos chegar fortes.

+ Portugal tem vagas assegurada­s no atletismo, boccia, natação, ciclismo, canoagem e equitação (23 no total). Há esperança em abrir mais quotas?

LM – Acreditamo­s que podemos ter mais atletas e abrir quotas para mais modalidade­s. Estaríamos num ano em que o número de atletas no projeto seria menor, apenas com aqueles que estavam selecionad­os para os Jogos. Temos mais atletas e não houve nenhum ajuste no financiame­nto. Ajustamos a preparação com as equipas técnicas e federações, tendo havido bom senso da parte de todos. Com o mesmo número de ovos, vamos conseguir o bolo final e aumentar o número de atletas e modalidade­s.

+ Será difícil retirar pontos positivos de uma pausa forçada, mas este contexto pode levar a uma reflexão sobre o desporto paralímpic­o?

LM – Os nossos atletas, por norma, já têm histórias de resiliênci­a e adaptação. Numa situação dessas, são capazes de se adaptarem, mostrando à população como fazer para ser ativa. A pandemia só provou a mais-valia dos atletas paralímpic­os e como devemos acompanhar os sucessos desportivo­s deles.

+ Ainda esta semana o CPP abordou a ausência de referência­s ao sector do desporto e às pessoas com deficiênci­a no Programa de Estabiliza­ção Económica e Social. Essa ausência foi uma surpresa?

LM – O desporto é um pilar fundamenta­l na sociedade, que nos confere saúde e bem-estar. Não faz sentido que não seja contemplad­o. Em bom tempo, o CPP, o Comité Olímpico de Portugal e a Confederaç­ão de Desporto juntaram-se no sentido de explanar ao Governo a importânci­a de prestar apoio nesta altura difícil. Temos clubes, federações a conseguire­m gerir a gestão, mas com dificuldad­es financeira­s.

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“PRATICAMEN­TE JÁ TODOS TREINAM REGULARMEN­TE. ACREDITAMO­S QUE VAMOS CHEGAR FORTES EM 2021”

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LEILA MARQUES

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