“As rivalidades têm de ficar no campo”
assim seja. Mas acho que também temos de perceber que isso tem de ficar dentro do campo. Dentro do campo, os dois clubes querem ganhar e vamos todos lutar até ao fim. Uma vez que o árbitro apita, tem de terminar. E tem de terminar fora do campo, também, para que possamos desfrutar todos do futebol. E quando falo em todos, é para que as pessoas consigam ir com os filhos aos estádios à vontade e para que eles tenham uma experiência como a que nós tínhamos em miúdos. Os miúdos de hoje, pelo menos na Argentina, não podem ir com os pais aos estádios. Que história vão ter depois para contar? Temos de perceber que aquilo de que gostávamos em miúdos também tem de ser possível para os miúdos de hoje. Para que os pais possam levar os miúdos aos estádios e saber que vão voltar vivos e não irem a pensar que pode acontecer qualquer coisa porque vão começar a atirar com coisas.
+ Tem de haver uma mudança, portanto.
G – O futebol são 90 minutos, todos queremos ganhar, mas só um pode ganhar. Ou até podem empatar. Mas a minha opinião é que, quando acaba no campo, tem de acabar fora dele também. No final, somos todos humanos, estamos todos de passagem e vamos tentar desfrutar ao máximo aquilo que pudermos. Eu acho isso da vida e espero que quem tem mais visibilidade consiga passar também essa mensagem às pessoas. Eu percebo que há alguns momentos de adrenalina em que é difícil parar, mas há que pensar. Há que pensar que se se atira uma pedra e ela bate em alguém, esse alguém pode ter um filho a quem dar de comer. E se essa pedra mata essa pessoa, esse filho fica sem um pai. Por uma bola. Uma bola que ou entra ou não entra. Então acho que temos de começar a pensar noutro futuro, para ver o que queremos para os nossos miúdos.
*