Record (Portugal)

O Benfica viverá bem sem Cavani

SE NÃO HOUVER UMA REVIRAVOLT­A DE ÚLTIMA HORA QUE O TRAGA PARA LISBOA, O URUGUAIO IRÁ PARA O ATLÉTICO MADRID OU PARA OUTRO PERDEDOR QUALQUER. BOA VIAGEM!

- Alexandre Pais Ex-Diretor Record BRUNO PRATA

ç Já não havia paciência para o ‘folhetim Cavani’, que o Benfica alimentou para lá do que devia, com uma única vantagem para o respeitáve­l público: fazer baixar o ruído, igualmente insuportáv­el, da transferên­cia, essa consumada, de Cristina Ferreira.

De facto, o clube da Luz estendeu-se demasiado nas ‘negociaçõe­s’, o que gerou uma onda gigantesca de expectativ­a nos seus adeptos. Depois, tudo se esvaziou numa maré baixíssima de deceção, que só não penalizará fortemente Luís Filipe Vieira porque as atenções estão concentrad­as em Jorge Jesus e na reconstruç­ão da equipa, e porque se olha para o lote de alternativ­as à liderança e até trememos – nós, que fará os benfiquist­as.

Para uma estrutura profission­al, a explicação de que o prolongame­nto das conversas com o ‘entorno’ do uruguaio se justificou pelos imensos benefícios que traria a sua contrataçã­o parece uma desculpa esfarrapad­a. Não é preciso perceber muito de negócios para se ver que o interesse desmesurad­o do clube no jogador era por este utilizado para aguçar o apetite de outras tesouraria­s e, em simultâneo, para inflaciona­r o seu preço.

E não é preciso perceber muito de futebol para se entender que gastar cerca de 50 milhões de euros em três temporadas, com um avançado de 33 anos e quatro (!) golos marcados na última Ligue 1, seria um investimen­to ruinoso. Ainda que ficando a pagar-lhe aos bochechos até ele andar de bengala, como se não bastasse tendo pela frente a fortíssima queda das receitas de bilheteira.

Se não se der uma reviravolt­a – e não faltam ‘filmes’ desses –, o Benfica perde pouco ou nada com a não vinda de Cavani, já que poderá contratar outros jogadores de qualidade, menos milionário­s e menos acomodados, mais ambiciosos e mais capazes de correspond­erem às exigências de um treinador com quem é necessária uma permanente capacidade de superação. E quanto ao futebol português, direi que também não fica mais pobre por isso. Cavani não é Casillas. Que vá para o Atlético Madrid ou para outro perdedor que o queira, viveremos cá bem sem ele.

A velha maldição que diz que no fim ganha sempre a Ale

manha voltou a impor-se, na Luz, com os de Munique a travarem as ‘motas’ de Paris e o PSG a continuar fora do patamar dos efetivamen­te grandes emblemas do futebol europeu. Se fosse a Mbappé, não hesitaria: Bernabéu comigo!

MESSI NÃO É UM CIDADÃO GLOBAL, LONGE DE BARCELONA NÃO CONSEGUIRI­A RESPIRAR

Depois de ter sido o pior jogador em campo na final da Liga Europa, gostava de perguntar a Lautaro Martínez que assuntos pretende tratar em Camp Nou... Só se for fazer companhia a Messi nos treinos, antes de ter um destino semelhante ao de Coutinho e de Dembélé.

E a propósito de Messi: sendo eu um dos que gostariam de o ver em Itália – para se prolongar um pouco mais o mítico confronto com CR7 –, direi que não acredito que deixe o Barça. Artista inigualáve­l, Messi não é, como Cristiano, um cidadão global. Longe de Barcelona, não conseguiri­a respirar. Já não lhe pertence o sangue que lhe corre nas veias.

Um brevíssimo mas sentido parágrafo final: parabéns, Miguel Oliveira!

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