“Número de penáltis vai diminuir”
Ao fim de três temporadas, qual o balanço que faz do VAR?
JFG – Extremamente positivo. Sei que muitos não concordam, mas a minha avaliação do crescimento, tanto de instrutores, como de árbitros, técnicos, é muito positiva. Há todo um caminho a percorrer, mas não estamos pior do que outros países – bem pelo contrário.
É difícil que se entenda que haja erros graves quando alguém vê num monitor aquilo que toda a gente vê na TV.
JFG – Às vezes é uma questão de interpretação. Aquilo que foi um penálti para si pode não ser para mim. A intensidade de um empurrão pode ser vista de formas diferentes… Não é por um adepto ter uma opinião diferente do árbitro que tenha havido um erro. Pode acontecer e já aconteceu.
é compreensível?
JFG – É como em todas as profissões: tenho a certeza de que já lhe saíram palavras mal escritas… Um árbitro pode não uma câmara que lhe mostrava o ângulo certo e, com isso, cometer um erro. Acontece aqui e acontece em todos os países.
Desde que há VAR os penáltis aumentaram. Era expectável?
JFG – Acredito que com o tempo o número de penáltis vai diminuir. Porque os jogadores vão perceber que há alguém que pode ver uma segunda vez o que aconteceu. Em relação à intervenção do VAR, por vezes o que vemos numa imagem mais lenta pode induzir-nos em erro, tal como a fotografia que aparece nos jornais. Este equilíbrio tem de ser feito, trabalhado e educado, não só para os árbitros como para o público em geral.
A sensação que fica é de que, por vezes, estão a ser assinalados penáltis por toques mínimos.
JFG – Não da parte dos árbitros. Acontece nas análises de pós-jogo de quem comenta. As instruções dadas aos árbitros é deixar jogar, bem como só assinalar penáltis quando o toque tiver uma consequência na ação do atacante.
“DESPROMOVIDOS FICAREM COMO VAR? FAZ TODO O SENTIDO SE LHES RECONHECERMOS QUALIDADE”
Tem uma equipa de VAR especialistas, mas raramente são nomeados para jogos grandes. Não são assim tão especialistas?
JFG – Fomos criticados quando criamos esse grupo e isso está a ser feito por outros países. Têm sido utilizados outros nos jogos grandes, como o Tiago Martins, que tem sido instrutor FIFA e é o que tem mais experiência, treino e formação na área do vídeo-árbitro. Aqueles que nos derem mais garantias são os que estarão nesses jogos.
Faz sentido pegar em árbitros que foram despromovidos e fazer deles especialistas de VAR? É um prémio que lhes está a dar, não?
JFG – Faz todo o sentido se nós lhes reconhecermos qualidade. Se tiver uma época menos conseguida, não quer dizer que esse árbitro deixe de ter qualidade após ter andado na 1ª categoria durante 10 ou 12 anos.
*