Record (Portugal)

“CHEGOU O MEU MOMENTO”

- FRANCISCO LARANJEIRA

“SINTO QUE 2020/21 VAI SER MELHOR. TENHO BOAS SENSAÇÕES E CONFIO MAIS EM MIM DO QUE NO RESTO. SEI O QUE POSSO DAR”

“BUNDESLIGA SE NÃO É O MELHOR É DOS MELHORES CAMPEONATO­S DA EUROPA. SÓ PECA POR ESTAR SEMPRE O BAYERN A VENCER”

época 2019/20 trouxe o segundo melhor registo goleador da sua carreira. Sente estar mais perto do ‘melhor’ André Silva e que a carreira segue o rumo sonhado?

ANDRÉ SILVA – Não creio que tivesse tido o percurso mais facilitado de todos mas ainda bem que as coisas foram dessa maneira. Eu estar fora da minha zona de conforto faz-me crescer. Nunca fui uma pessoa de desistir e sempre que tenho um obstáculo pela frente tento superar. As coisas não foram fáceis, acabei por estar em quatro anos em quatro países, quatro línguas e quatro campeonato­s diferentes, o que acaba por ser um bocadinho difícil. Mas acredito que chegou o meu momento de usufruir das coisas. Já cresci bastante, principalm­ente a nível mental, e sinto que voltei a encontrar-me e que estou no caminho certo. Estou muito feliz

pelo resultado e tenho de continuar assim e lutar.

+ Podemos acreditar que 2020/21 vai trazer a sua melhor versão?

AS – Prometer, prometer… não posso. Tenho boas sensações. O que estou a sentir é bom, o que tenho vindo a mostrar a mim mesmo é bom, eu próprio confio mais em mim do que no resto e sei o que posso dar. Claro que vou dizer que em 2020/21 as coisas acabarão por ser melhores, não porque quero ser otimista mas porque assim o sinto mesmo.

+ Quais são os objetivos do Eintracht Frankfurt para a nova temporada? Fazer melhor do que a anterior?

AS – É sempre bom entrar nas competiçõe­s europeias, esse é sempre um dos objetivos do clube. Mas para isso se concretiza­r temos de trabalhar muito e temos de, jogo a jogo, fazer tudo para que isso seja possível. + O Eintracht Frankfurt falhou o acesso à Liga Europa na época

passada. Foi um duro golpe?

AS – Em relação a não termos passado para a Liga Europa, acho que a mentalidad­e do clube é de que estamos numa liga muito difícil e a competição é muito grande, o que também me dá gosto por isso. Porque gosto de competir e de tentar passar obstáculos. Mas sinto que o clube se olha assim, que as coisas não são assim tão fáceis como apenas falar e têm noção disso. Sentem que ultimament­e estiveram num bom patamar, estiveram na Liga Europa creio que dois anos seguidos. Mas estão contentes com o percurso que o clube tem feito. Esta época é outra, as coisas já passaram e estamos a tentar fazer o nosso melhor. + É certo que permanece no Eintracht Frankfurt?

AS – A única coisa que está definida é que tenho mais um ano de empréstimo ao Eintracht. Neste momento as coisas estão assim, acabo por ser jogador do Milan mas estou focado no Eintracht. + O Milan está definitiva­mente fora do seu futuro...

AS – Na verdade, não posso falar… a única coisa que posso falar é do que está a acontecer no momento, é a única coisa em que me foco. Não sei o que se poderá passar no futuro, sei que várias coisas têm sido faladas mas o que posso dizer é que neste momento sou jogador do Eintracht e vou dar o meu máximo até algo acontecer.

+ Chegou a falar-se do interesse do Monaco e da Juventus. Confirma?

AS – As notícias são muitas, tento focar-me no que posso. Não tento andar a pensar em coisas que não consigo controlar. Este mercado está um pouco estranho pela situação que vivemos. É uma coisa nova para toda a gente. Há clubes que não investiram tanto, há outros que já investiram bastante. Mas não posso falar do futuro e a única coisa que estou focado é naquilo que controlo e no que posso fazer.

+ Com Bas Dost e Gonçalo Paciência no plantel do Eintracht, pelo elo de ligação a Portugal que mantêm, como é a vossa relação?

AS – A nossa convivênci­a tem de tudo. Somos rivais porque competimos pela mesma posição mas somos amigos porque damo-nos bem fora. Muitas vezes somos companheir­os dentro de campo porque jogamos juntos, num esquema de dois avançados, e as coisas tornam-se simples. Acabam por ser boas porque, a meu ver, e como disse, gosto de competição porque se o outro puxar por mim, acabo por dar o meu melhor. Se eu puxar pelo outro, ele acaba por dar o seu melhor. Tentamos dar o nosso melhor no treino e todos juntos tentamos fazer o

melhor para a equipa, para o jogo em si, mas posso dizer que nos damos perfeitame­nte. Além de companheir­os, somos amigos e damo-nos bem fora de campo também. + A pandemia do novo coronavíru­s trouxe os estádios sem público, uma realidade nova mas triste no futebol europeu. Como é para os jogadores atuarem sem aplausos?

AS – É bastante triste... a verdade é que nunca estamos preparados. Vamos fazendo o nosso trabalho com as condições que são possíveis. Se nos perguntass­em se queríamos ou era escolha nossa estar sem público: não, mas entendemos. É claro que tem de ser assim pela situação em que vivemos. Mas não é nada a que nos habituemos, sentimos a falta do público. Quando éramos miúdos sonhávamos jogar em estádios cheios, que as pessoas torcessem por nós, ou contra se jogássemos num estádio rival. Nunca vai ser uma coisa boa e à qual temos de nos habituar. Mas preparados nunca vamos estar. A verdade é que fazemos o nosso trabalho porque somos pessoas competitiv­as, queremos ganhar e queremos mostrar que conseguimo­s fazer melhor do que o outro, mostrar o nosso trabalho. Mas falta a paixão, falta uma parte do futebol, que é o público, os fãs... + O Bayern Munique sagrou-se

campeão europeu no Estádio da Luz. Foi uma surpresa ou, acompanhan­do mais perto os bávaros, era algo expectável?

AS – Eles são uma boa equipa e têm todo o mérito. Vendo as coisas de perto, na primeira pessoa, dá para perceber porque são muito fortes. Eles jogam bem e cada jogador está preparado para jogar a esse nível. + O que falta à Bundesliga para ser considerad­a a prova mais competitiv­a e dura da Europa?

AS – Não há um título para o melhor campeonato. Há sim um grupo dos melhores campeonato­s, neste caso inglês, italiano, francês, espanhol e alemão… eu reparo nisso pelos pontos dos golos [Bota de Ouro europeia], mas acho que depende da opinião das pessoas. Mas estando aqui, sabendo o que sei de futebol, penso que a Bundesliga se não é o melhor, é um dos melhores. É um campeonato bastante competitiv­o, peca por estar sempre o Bayern a ganhar, o que torna as coisas um pouco complicada­s. Mas, vivendo este campeonato como vivo, nos postos abaixo do Bayern e do Borussia Dortmund acaba por ser muito competitiv­o e duro. Porque este ano podes acabar nos primeiros lugares como no ano seguinte acabares nos lugares de descida. Nunca é fácil. É um campeonato muito competitiv­o e é isso que eu gosto.

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têm cuidado. + O trabalho de Fernando Santos tem sido essencial para os bons resultados, claro...

AS – A diferença são os resultados conquistad­os. Acabámos por ganhar um Europeu, a Liga das Nações e nada fala mais alto do que isso. O mais importante são os títulos e trazer felicidade ao nosso povo. Estamos sempre ansiosos por representa­r o nosso país. O mais importante é defender o nosso povo e lutar até às últimas forças. + Qual é o melhor ponta-de-lança da Seleção neste século? Ronaldo não conta...

AS – Então sou eu... claro [risos].

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