“Jesus é o único que não aceita ser adjunto de Vieira”
ç A contratação de Jorge Jesus é uma cartada eleitoral?
RGS – Obviamente. Estive presente nas reuniões em que se discutiu o fim do contrato de Jorge Jesus, tal como no julgamento, como representante do Benfica. Por isso, ouvi tudo o que se disse sobre ele... Hoje, algumas pessoas envolvidas aparecem nas fotografias. Se Jorge Jesus seria o meu treinador? Não. Se é o treinador do Benfica? É. Por isso, terei de trabalhar com ele e farei tudo para que assim aconteça. Presumo que Jesus, sendo profissional, não terá estados de alma para trabalhar com pessoas que em determinado momento disseram o que disseram dele. Caso contrário, isso teria acontecido com o atual presidente do Benfica.
+ Apesar de Jesus não ter o perfil que idealiza, entende que o Benfica está mais perto de ganhar com ele?
RGS – Chegou e, em seis épocas, foi campeão três vezes. Foi a duas finais da Liga Europa e perdeu-as. Já agora, foi triste ver aqueles dois papelinhos na sua apresentação [em que se lia a inscrição das finais disputadas, e perdidas, da Liga Europa, juntamente com os outros títulos conquistados] e quem o fez não tem qualquer ligação ao Benfica. Por essa ordem de ideias, Nélson Veríssimo também tem um, o de 2º classificado do campeonato. Voltando a Jesus, hoje é mais treinador do que era. Tem alguns defeitos? Tem. Desequilibra a equipa nos grandes jogos e, por isso, dificilmente ganhará uma Liga dos Campeões. Ou então precisa de outros jogadores. Com o dinheiro que se vai gastar em Jesus, eu teria ido buscar alguém que tivesse conquistado a Liga dos Campeões e com provas dadas nos cinco principais campeonatos. Não falo de José Mourinho, mas de outros treinadores que não disseram tão mal do Benfica como Jorge Jesus disse. Com tudo o que tem acontecido desde o seu regresso e partindo do pressuposto que ainda falta chegar 4 ou 5 jogadores, pergunto: haverá alguma sintonia que não a salvação do atual presidente em termos eleitorais?
+ É assim que olha para os valores gastos em contratações?
RGS – Claro. Comigo, o Benfica irá comprar jogadores para posições-chave, que sejam titulares, e não para jogar na equipa B, na equipa C... O valor da contratação de Pedrinho desceu dos 20 milhões de euros para os 18 milhões, por isso estou para ver quem será o jogador que irá ser contratado para a equipa B por 2 milhões de euros… Espero que não se concretize, mas são estas pequenas coisas que destroem um clube. Ponham os olhos no Valencia.
+ Mas este ano o clube não está mais assertivo nas compras?
RGS – Quando os jogadores têm qualidade as compras são bem feitas. No futebol, o bom pode ser mau. Mas o mau nunca se transformará em bom.
+ A exigência, que muitos dizem ter desaparecido, voltará?
RGS – E se estes jogadores todos que estão a dar a Jorge Jesus tivessem sido dados a Rui Vitória ou Bruno Lage? Teria sido diferente.
+ Jesus tem armas que outros não têm?
RGS – Não. Jesus tem a capacidade e o peso que não tem Rui Vitória. Quando Rui Vitória entrou, e possivelmente quando Bruno Lage entrou, dizia-se que eram os únicos treinadores que aceitavam ser adjuntos de Luís Filipe Vieira. Nesse aspeto, Jesus impõe-se e não aceita ser adjunto do presidente.
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“COM TUDO O QUE ACONTECEU DESDE O REGRESSO DE JESUS, HAVERÁ ALGUMA SINTONIA QUE NÃO A SALVAÇÃO DO PRESIDENTE?”