Um regresso aguardado mas bem diferente
Os principais campeonatos entram em 2020/21 num cenário nunca visto e em que a grande preocupação é a saúde. Testes, protocolos de segurança e Covid-19 são palavras que entraram no léxico do futebol, numa fase em que todos lutam para que a bola volte a rolar de modo normal
No arranque de cada temporada estamos habituados a alguns termos que, com o passar dos anos, se tornaram parte essencial desta fase da época em que o futebol volta à ação após a paragem de verão. ‘Reforços’, ‘festa’ e ‘fome de bola’ são alguns deles... Mas no arranque de 2020/21 estamos a lidar com ‘pandemia’, ‘biossegurança’ e ‘protocolos Covid-19’. Lidamos, de facto, com algo nunca visto no desporto-rei, uma vez que, acima de tudo, as principais ligas europeias têm por norma ser competições bem organizadas, com datas estipuladas muitos meses antes e com uma preparação que, muitas vezes, roça a perfeição. Contudo, o que vemos neste momento é uma enorme teia de indefinições no que diz respeito ao regresso do futebol na Europa. As datas estão marcadas, é certo, mas a gravidade da pandemia que enfrentamos obriga a que cada país e cada liga vá gerindo este regresso do futebol quase diariamente. As restrições de público no estádio são um dos itens mais relevantes, uma vez que um escalar do número de infetados pode levar a mudanças bruscas, mas também os necessários testes aos jogadores, as viagens das comitivas dos clubes e até a especificidade de algumas regras da modalidade, como as substituições permitidas ou o simples beijar a bola e abraçar os companheiros de equipa, se tornaram alvo de aturadas análises e detalhes quase cirúrgicos.
O futebol europeu de seleções já voltou, quase um ano depois, com a Liga das Nações, num cenário recheado de restrições e com um claro endurecimento das medidas de segurança para todos os integrantes do espetáculo. A UEFA conseguiu reunir todas as condições para voltar à ação ao nível de equipas nacionais, algo que as outras confederações mundiais apenas conseguirão fazer em outubro... se nada mudar. Trata-se de uma ‘trégua’ de quase dez meses, algo nunca visto em alguns países desde a Segunda Guerra Mundial. De resto, o Campeonato da Europa foi adiado para 2021, esperando-se que, ao contrário da Liga das Nações, já possa ter os essenciais adeptos nas bancadas. Mas depois deste ‘cheirinho’ do futebol entre países regressam as principais ligas europeias neste cenário bem peculiar. Uns com restrições mais apertadas e com apoio governamental apurado, outros já com alguns adeptos nas bancadas mas todos com a mesma vontade – que o futebol regresse com saúde e emoção.