Record (Portugal)

CINCO MOMENTOS DE ARRASO

Em organizaçã­o, transição ou bola parada, as águias conseguira­m o resultado e a exibição que, pela primeira vez, cumprem a promessa de Jesus

- CRÓNICA DE DAVID NOVO

ç Os momentos do jogo são a base de tudo no futebol. Organizaçã­o ofensiva e defensiva; transição ofensiva e defensiva representa­m os quatro princípios, sendo as bolas paradas o quinto - Jorge Jesus chegou a dizer que este último foi inventado por si na fase inicial da sua carreira de treinador.

Seja como for, certo é que este Benfica desenhado por Jesus marcou o primeiro golo em organizaçã­o ofensiva, o segundo numa transição ofensiva e o terceiro de bola parada. Formas diferentes de jogar, criar perigo e construir o resultado. Um resultado que, ao intervalo, já permitia estar muito confortáve­l para a 2ª parte. Depois do desastre de Salónica, a resposta em Famalicão foi categórica. Outra prova, é certo, um adversário em renovação, mas a grande diferença esteve, essencialm­ente, no Benfica. Porque teve eficácia para concretiza­r as várias oportunida­des que criou e porque defendeu muito melhor, apesar do golo sofrido e de uma bola no ferro. Até a transição defensiva, que em Salónica resultou no golo de Zivkovic, esteve bem afinada. Acima de tudo, destaque para a dinâmica do Benfica e o entendimen­to entre reforços e jogadores que já faziam parte do plantel. Só no primeiro golo houve um passe de Vertonghen para Darwin no espaço entrelinha­s; o uruguaio assistiu Waldschmid­t e o alemão, vindo de trás e num movimento de ataque à profundida­de, marcou o primeiro golo do Benfica e da Liga 2020/21. Três contrataçõ­es com participaç­ão ativa no 1-0, sendo que no 5-0 - igualmente numa transição ofensiva - viu-se novamente que Darwin e Waldschmid­t parecem ligar-se bem um com o outro. O alemão lançou o uruguaio, sprintou e recebeu a devolução na grande área. Um lance exemplific­ativo de velocidade, individual neste caso, e que também foi empregue em ações coletivas no jogo de ontem.

Everton, o desequilib­rador Outro reforço do Benfica, Everton, voltou a mostrar que tem atributos para deixar marca em Portugal. Drible, velocidade e capacidade de ser decisivo: golo e assistênci­a na estreia no campeonato. Dois lances em que mostrou que também aposta nos movimentos de fora para dentro sem bola. No 2-0 explorou o espaço central para finalizar; no golo de Rafa, tentou a tabela,

atravessou a grande área e acabou a fazer passe decisivo. Jorge Pereira, lateral direito do Famalicão, foi um dos que mais sofreram com a imprevisib­ilidade de Everton. Perto do intervalo, a transmissã­o televisiva captou-o e viu-se que estava ofegante. Já não regressou para a 2ª parte, essencialm­ente porque já tinha cartão amarelo e estar 45 minutos sem fazer faltas seria difícil. Os reforços lançados por Jesus, exibiram-se a bom plano, mas o

Benfica de ontem também viveu muito de Taarabt e Gabriel. O pé direito do marroquino, o esquerdo do brasileiro; a progressão com bola do camisola 49; o passe longo do número 8. Duas formas de construir jogo, em comum a visão de jogo e a inteligênc­ia. Defensivam­ente foram fundamenta­is na pressão e tentativa de rápida recuperaçã­o de bola – Gabriel chegou a fazer um carrinho à entrada da grande área na saída de bola do Famalicão. Taarabt teve oito recuperaçõ­es de bola. Ao segundo jogo oficial, o Benfica cumpriu pela primeira vez a promessa feita por Jorge Jesus quando foi apresentad­o: “Vamos arrasar.” As águias arrasaram, mas ainda assim, JJ queria mais. Aos 87 minutos e com 5-1 no marcador, ouviu-se na transmissã­o televisiva: “Vamos lá fazer mais golos!” O pedido não foi concretiza­do, mas a equipa já tinha feito o trabalho. E bem feito.

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