Na bandeja de Jorge Mendes
OS TRÊS GRANDES SÃO UMA ESPÉCIE DE PEDINTES, DE SALTO ALTO, QUE PAGAM COMISSÕES, GIGANTES NA MASSA ADEPTA MAS QUE METERAM O ORGULHO NA GAVETA
Por muitas bravatas que se digam, a percepção global é de que os clubes estão em saldos. Suspira-se por vendas milionárias que eliminem a asfixia financeira, no entanto, não basta clamar por muito quando o mercado está nas lonas e são raros os investimentos loucos como noutras temporadas.
Há muitos anos ficou famosa a expressão “passe preciso” dita com sotaque britânico pelo enorme Bobby Robson. Agora, estamos na fase da “compra precisa”, cirúrgica, que em Portugal é apenas fulminada pelos gastos do Benfica que se justificam pela disputa eleitoral que Vieira não quer, nem pode, perder. Os outros grandes vergam-se ao mercado interno onde há talento mais barato e quem vem não precisa de adaptações a uma nova realidade.
Na ânsia das vendas há um homem que, uma vez mais, surge como milagreiro e ‘rain maker’. Tenho consideração e respeito por todos aqueles que, sem nada nem brasões familiares, vão crescendo na vida, fruto do seu trabalho e empenhamento, logo, não esqueço as raízes humildes de Jorge Mendes que robusteceram o seu carácter na sua ascensão profissional.
Não gosto de negócios obscuros nem de carrosséis quase inexplicáveis, que fique bem claro, e o empresário português deverá blindar-se contra rumores e suspeitas, mas é óbvio que Benfica, FC Porto e Sporting estão dependentes dos contactos que ele possa fazer. São uma espécie de pedintes, de salto alto, que pagam comissões, gigantes na paixão da massa adepta mas que meteram o orgulho na gaveta desde que alguém lhes leve dinheiro para sustentar o mundo de embustes em que vivem. A realidade da gestão dos clubes portugueses está na bandeja de Jorge Mendes. Sem ele, como seria?
PS1: Escrevo antes do confronto com o Aberdeen, espero que corra bem, e como disse o jogador Luís Neto, não há desculpas para não seguir em frente. No Sporting o tema da semana foi dar o nome de Cristiano Ronaldo à Academia. Acho bem, a repercussão internacional da medida foi excelente, contudo, a direcção poderia ter aproveitado para tentar aproximar-se dos sócios e adeptos dando-lhes a participação na decisão. Não o fizeram, seguiram o caminho da solidão e do autismo. Isto não é ‘Unir o Sporting’ como prometeram.
PS2: Do movimento ‘Benfica Bem Maior’, que tem Braz Frade como figura de proa, poderão sair no futuro, coadjuvados por quem ergueu a Marca Seixal, Armando Jorge Carneiro que está nesse grupo, vários nomes para a liderança do Benfica. Viana Baptista, Manuel Brito, Diogo da Silveira. Sobre este último, já o sugeri a um grande jornalista desta casa, aconselho que o sigam. Porquê? Porque para lá de ser um gestor de provas dadas na Navigator, é o primeiro empresário português de topo e com boa reputação a comprar uma SAD em Portugal. Adquiriu o Sintrense. Vamos ver como se sai deste projecto.
PS3: “Diogo Jota faz parte de uma geração portuguesa inacreditável”, Jürgen Klopp dixit. Mais um tiro nos diversos Velhos do Restelo que anunciavam ‘a curva descendente’ da nossa Selecção. Temos muito futuro. * Texto escrito com a antiga ortografia
NO NOME DA ACADEMIA, A DIREÇÃO DO SPORTING SEGUIU O CAMINHO DA SOLIDÃO E DO AUTISMO