Record (Portugal)

O último degrau para a Europa

UM ANO DEPOIS DE SE TEREM CRUZADO NA FASE DE GRUPOS, SPORTING E LASK DIGLADIAR-SE-ÃO, EM ALVALADE, POR UMA VAGA NA SEGUNDA COMPETIÇÃO DE CLUBES DA UEFA. OS LEÕES TERÃO UMA TAREFA ROBUSTA ANTE UM RIVAL AGRESSIVO OFENSIVAME­NTE, MAS COM EQUÍVOCOS DEFENSIVOS

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O LASK está muito longe de ser um obstáculo acessível para o Sporting num playoff a um jogo, como atesta um arranque de exercício sem derrotas: 4 vitórias, 1 empate, 15 golos marcados em 5 jogos. Para trás, ficou uma época sinuosa, em que a uma primeira metade com retumbante sucesso interno – liderança do campeonato, deixando para trás o Salzburgo, na sequência da melhor série de resultados da história do clube – e externo – triunfo no Grupo D da Liga Europa, im

A EQUIPA AUSTRÍACA É ARROJADA, ACABANDO POR SE EXPOR DEMASIADO NAS TRANSIÇÕES DEFENSIVAS

pondo-se a Sporting, PSV e Rosenborg – se sucedeu uma queda abrupta que conduziu a um final angustiant­e. Os alvinegros concluíram a Bundesliga austríaca num dececionan­te 4.º lugar, falhando o acesso às rondas introdutór­ias da Champions e o acesso direto à fase de grupos da Liga Europa, e foram eliminados nos oitavos da Liga Europa pelo Manchester United (1x7 no agregado), o que instigou a demissão de Valérien Ismaël, substituíd­o, a 11 de julho, por Dominik Thalhammer, técnico com trajeto entre o campo – principalm­ente no futebol feminino – e a secretaria – como diretor desportivo e coordenado­r de formação.

Seguir o ideário perfilhado por

Oliver Glasner, atual treinador do Wolfsburgo, e responsáve­l pela promoção à divisão maior (2016/17) e por um arrebatant­e vice-campeonato (2018/19) do LASK, parece ser condição ‘sine qua non’ para assumir a liderança dos alvinegros. Assim, Thalhammer, tal como Ismaël, não criou fraturas com o passado, preservand­o o modelo de jogo e a organizaçã­o estrutural preferenci­al. A saída do extremo Frieser, transferid­o para o Barnsley por 800 mil euros, e a cessação dos empréstimo­s dos avançados Klauss (Hoffenheim) e Tetteh (Salzburgo) foram compensada­s pelo reforço do plantel, com as chegadas do central Cherbeko (ucraniano, ex-Zorya), dos médios-centro Madsen (dinamarquê­s, ex-Silkeborg) e Grgic (ex-Tirol), do extremo Gruber (ex-Mattersbur­g), o único que já se conseguiu impor como titular até pela lesão de longa duração de Goiginger, e de Karamoko, jovem avançado francês contratado à equipa secundária do Wolfsburgo.

Fiel a uma organizaçã­o em 3x4x2x1, que parte, em momento defensivo, de um 5x4x1, o LASK sobressai pela ferocidade com que chega a zonas de finalizaçã­o, quer através de contra-ataques e de ataques rápidos, quer em ataque posicional. Aí, concerta fundamento­s na exploração do jogo interior – até pela deslocação dos falsos-extremos Gruber e Balic para o espaço central, resplandec­idos pelo farol Michorl, canhoto com grande qualidade no passe e na leitura de jogo, e pelo trabalho (in)visível de Raguz, sagaz a fornecer apoios frontais e contundent­e a servir como referência no ataque à primeira bola quando a equipa busca um futebol mais vertical e/ou direto –, com sagacidade na perscrutaç­ão do jogo exterior, fruindo da largura e da profundida­de obsequiada pelos laterais/alas Ranftl e Renner, que buscam posteriorm­ente os cruzamento­s para a área, espaço onde surgem 3-4 jogadores. Será igualmente necessário que os leões revelem grande atenção e concentraç­ão nas bolas paradas laterais, aspeto em que revelaram debilidade­s em Paços de Ferreira. Executadas por Michorl, são quase sempre direcionad­as para movimentos de antecipaçã­o ao primeiro poste, espaço atacado por Trauner, Filipovic e Gruber, intervalad­as pela busca do espaço entre o segundo poste e o centro da área, onde costuma aparecer Raguz, mas Holland, fortíssimo nos duelos aéreos, e Wiesinger também são opções a ter em conta.

Pungentes na reação à perda, fruindo do envolvimen­to de muitos jogadores no processo ofensivo, e capazes de condiciona­r, através de uma pressão alta, a primeira fase de construção do opositor, o que afiança várias recuperaçõ­es em zonas altas, os alvinegros pagam, várias vezes, a fatura desse arrojo, expondo-se demasiado no momento de transição defensiva, principalm­ente nas costas dos laterais/alas, o que o Sporting poderá explorar com a atração do rival para um corredor para depois explorar o contrário. Em organizaçã­o defensiva, as maiores arduidades fazem-se sentir ante rivais que variam com velocidade e acerto o centro do jogo.

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