Rio Ave, a noite mais longa
Na chuvosa, ventosa e vitoriosa cidade de Vila do Conde, viveu-se esta semana o maior feito da história deste prestigiado clube, que no século passado tive a honra e o prazer de representar. Gente de mar, de trabalho árduo, de personalidade e convicção. Os sulistas vikings. O clube da cidade foi enorme, foi estoico, foi competente, ao ponto de ter assustado o AC Milan. Empatar 2-2 em 120 minutos com este gigante italiano é um motivo de orgulho, de satisfação, de coragem e de capacidade. Que este momento não seja inglório nem desmotivante para os vila-condenses. O Rio Ave tem de reagir rápido. Os nossos heróis tiveram três ‘match points’, mas não concretizaram. O trabalho de Campos e sua direção, iniciado há uns anos com Miguel Ribeiro e agora, competentemente seguido por André Vilas Boas, tem qualidade, tem estrutura, tem organização, tem seriedade. Há que estar atento às mazelas das grandes frustrações e há que estar preparado, pois estas situações não podem deixar marcas, nem fobias, nem frustrações. Quer queiram quer não,
o Rio Ave fez história! Provocou medo ao poderoso Milan, criou-lhe a maior indecisão e temor das últimas décadas. Este Rio Ave tem jogadores e técnicos com personalidade, com proposta interessante de jogo, e estrutura profissionalmente evoluída. Tornam simples e fáceis as decisões difíceis, o que faz deles ‘grandes’ e preparados para maiores voos. Agora vêm os dias mais difíceis.
Dizem que depois da tempestade virá a bonança, mas espero que depois da bonança não venha nenhuma tempestade. Se este esteve perto de ser o momento mais alto do clube, a sequela não será o mais baixo. Para isso, atenção máxima, e fazer das próximas semanas as mais intensas e trabalhosas da história do clube. Vocês transmitiram-nos orgulho,
não nos defraudem. O futebol tornou-se a mais importante das coisas menos importantes. Em terra do nosso orgulho pesqueiro, não se deixem afundar somente por causa de um penálti falhado…