Record (Portugal)

Dos muitos azares ao desejado êxito

“Este é o maior feito da minha carreira”, admite o piloto de Coimbra. Mas não quer ficar por aqui...

- RICARDO CHAMBEL

Os campeões são feitos de inspiração, talento e trabalho. Muito trabalho. Mas também são feitos de estrelinha. Quem o diz é Filipe Albuquerqu­e, piloto português, de 35 anos, que no passado dia 20 de setembro venceu as 24 Horas de Le Mans, resultado que lhe permite ser o virtual campeão da Taça do Mundo de Resistênci­a na classe LMP2, a segunda mais importante do campeonato. Para isso, diga-se, falta apenas alinhar na última prova, no Bahrein.

Por tudo isto, Filipe Albuquerqu­e não podia estar mais feliz. “Acho que este é o maior feito da minha carreira. Já faço esta prova há quatro anos consecutiv­os pela United alemã e temos feito bons resultados, com dois quartos lugares e uma vez em que estávamos em 3.º quando batemos a umas horas do fim. Tem sido duro, mas tanto lutei que consegui”, refere o piloto, lembrando a dificuldad­e de vencer uma competição como a de Le Mans. “Trata-se de uma prova muito grande, com enorme investimen­to e onde é preciso muito conhecimen­to e experiênci­a. Eu tinha a responsabi­lidade de guiar a minha equipa, porque era o piloto com mais experiênci­a”, sublinha Albuquerqu­e, que fez equipa com os britânicos Phil Hanson e Paul di Resta. “Gosto de analisar o porquê das coisas. Quando não ganho, gosto de tentar perceber o que poderia ter mudado, o que poderia ter feito. Na minha carreira, tenho tido algum azar e muitas vezes perguntava-me o porquê de ser tudo tão difícil. Na primeira prova após a paragem devido à pandemia, liderámos durante todo o tempo e a 20 minutos do fim tivemos um furo e ficámos em 3.º lugar. Pensei, tal como em outros momentos, que era mais um episódio da minha carreira, com a bola a bater na trave e a não entrar”, lamenta.

‘Estrelinha’ após a morte do pai

No entanto, tudo parece ter mudado desde do faleciment­o do seu pai. “Ele foi, sem dúvida, o impulsiona­dor e sonhador disto tudo. Desde que o meu pai faleceu, tudo tem sido ao contrário. Fiz cinco corridas e só numa delas fiquei em 3.º lugar. Depois dessa, ganhei quatro provas consecutiv­as e uma delas em Le Mans. Isso leva-me a pensar que não há campeões sem estrelinha e sem dúvida que eu agora tenho a minha estrelinha”, defende.

Mas para Filipe Albuquerqu­e, o segredo do sucesso é “a paixão pelo desporto automóvel”, algo que vem desde a sua infância. “Quando comecei a andar de kart, ainda muito criança, o meu sonho era ser piloto de automóveis e chegar à Fórmula 1. Na escola estava sempre com a cabeça no ar a pensar na próxima pista e em como poderia ser mais rápido. Hoje, essa vontade não mudou. Tenho a sorte de fazer o que gosto e por isso subscrevo a frase que diz que se fizermos o que gostamos, nunca vamos ter de trabalhar na vida. É isso que acontece comigo, ainda que, claro, haja dias melhores do que outros”, admite. Para o piloto, este é também o momento de recordar outros grandes feitos. “Quando falamos de automobili­smo, falamos de Fórmula 1. Tivemos pilotos que chegaram lá e que se tivessem outros apoios poderiam ter sido campeões. Depois, temos também o João Barbosa, que ganhou em Daytona à geral, o Lamy já ganhou em GT e eu também já lá ganhei”, lembra, antes de olhar para o futuro: “O próximo objetivo é a conquista do Campeonato da Europa de Resistênci­a, em Monza. Queremos viajar para Portimão já com o campeonato ganho. As coisas estão bem encaminhad­as, mas como já perdi muitas vezes, só quando tudo se concretiza­r é que acredito. Faltam 22 pontos.” *

“NÃO HÁ CAMPEÕES SEM ESTRELINHA E SEM DÚVIDA QUE EU AGORA TENHO A MINHA”, DIZ O PORTUGUÊS DE 35 ANOS

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