Relação intensa
Portugal e Espanha defrontam-se pela 40.ª vez na quarta-feira e hoje recordamos alguns dos jogos que construíram esta história centenária
Quando se fala em jogos entre Portugal e Espanha, a memória mais recente é o eletrizante empate a três golos no Mundial’2018, no qual Cristiano Ronaldo fez um sensacional hat trick. Este foi o 39.º duelo ibérico e, a três dias de um novo embate, recordamos algumas das partidas mais marcantes desta relação centenária – o 100.º aniversário do primeiro encontro de futebol entre as seleções dos dois países assinala-se em 2021. No topo desta nossa lista entra precisamente aquele em que a inspiração de CR7 evitou nova derrota para as cores nacionais – em 39 jogos, as contas são basNo Mundial da Rússia, os caprichos do sorteio colocaram precisamente ‘nuestros hermanos’ no caminho da Seleção Nacional logo na estreia na competição. E, em Sochi, as coisas não poderiam começar melhor: logo a abrir, Ronaldo é derrubado por Nacho e o capitão português abre o marcador de penálti. Diego Costa responde, mas CR7 voltou a dar vantagem a Portugal em cima do intervalo com um disparo de pé esquerdo que De Gea deixou passar de forma displicente. Depois, na segunda parte, Diego Costa voltou a marcar e Nacho colocou os espanhóis na frente, antes de Ronaldo fazer de livre direto (um grande golo) o empate a dois minutos dos 90’.
2 Nuno Gomes faz a diferença
DATA: 20/6/2004 COMPETIÇÃO: Euro’2004 (fase de grupos)
LOCAL: Estádio José Alvalade, em Lisboa RESULTADO: 1-0
GOLO: Nuno Gomes (57’) Depois da desilusão da derrota com a Grécia (1-2) na abertura do Euro’2004, Portugal venceu a Rússia (2-0) e precisava de bater Espanha na 3.ª jornada do Grupo A para seguir em prova. Em Alvalade, aos espanhóis bastava o empate e a turma das Quinas estava encostada às cordas. Mas, ao intervalo, Scolari lançou Nuno Gomes para o lugar de Pauleta e o então avançado do Benfica resolveu a questão com um grande remate de fora da área.
3 Surpresa nos Balaídos
DATA: 28/11/1937 COMPETIÇÃO: Jogo particular LOCAL: Estádio de Balaídos, em Vigo (Espanha) RESULTADO: 2-1 GOLOS: Pinga (61’) e Valadas (79’); Gallart (85’) Em plena Guerra Civil espanhola, a Seleção Nacional foi a Vigo para um particular com forte componente política. Na zona ocupada por Franco (que depois dominaria a totalidade de Espanha), os portugueses venceram uma seleção local desfalcada de vários jogadores devido à guerra. O portista Pinga e o benfiquista Valadas fizeram os golos da nossa primeira vitória em 13 confrontos.
4 Palmeiro imparável
DATA: 3/6/1956 COMPETIÇÃO: Jogo particular LOCAL: Estádio Nacional, no Jamor RESULTADO: 3-1 GOLOS: Francisco Palmeiro (5’, 26’ e 43’); Joaquín Peiró (38’) Em junho de 1956, Francisco Palmeiro era o único estreante numa equipa que incluía Carlos Gomes, Pedroto, Juca, Vasques, José Águas, Caiado ou Hernâni. Mas foi o então jovem de 23 anos a figura do dia ao marcar os três golos de Portugal num triunfo claro sobre uma Espanha que além de Peiró (reduziu a diferença) tinha Gento, Rial ou Segarra.
5 Quando Nani evitou ‘manita’
DATA: 17/11/2010 COMPETIÇÃO: Jogo particular LOCAL: Estádio da Luz, em Lisboa RESULTADO: 4-0 GOLOS: Carlos Martins (45’), Hélder Postiga (49’ e 68’) e Hugo Almeida (90’) Quatro meses e meio depois do desaire que ditou o adeus de Portugal ao Mundial’2010 e lançou Espanha rumo ao título, as duas seleções reencontraram-se na Luz. E mesmo com a equipa de gala, os espanhóis sofreram a sua pior derrota em 39 jogos. Postiga bisou, mas para a história ficou o lance em que Nani, em fora-de-jogo, ‘anulou’ um grande golo de Ronaldo, num ‘chapéu’ a Casillas.
6 A estreia em Madrid
DATA: 18/12/1921 COMPETIÇÃO: Jogo particular LOCAL: Campo da Calle O’Donnell, em Madrid (Espanha) RESULTADO: 1-3. GOLOS: Alberto Augusto (75’ pen.); Meana (20’), Paulino Alcántara (23’ e 50’) Não podia ser de outra forma: Espanha foi o primeiro rival de Portugal em jogos de seleções. Madrid foi o palco escolhido (um ano depois reeditou-se o duelo em Lisboa) e a superioridade espanhola foi clara. Paulino Alcántara, uma das maiores figuras da história do Barcelona, destacou-se com um bis e Alberto Augusto marcou o golo luso, reduzindo a diferença aos 75’.
7 Penáltis impedem final
DATA: 27/6/2012 COMPETIÇÃO: Euro’2012 (meias-finais) LOCAL: Donbass Arena, em Donetsk (Ucrânia) RESULTADO: 0-0 (2-4 pen.) Dois anos depois do Mundial’2010, Portugal volta a encontrar o velho rival mas no Europeu. E o equilíbrio só no desempate por penáltis de desfez: Casillas defende o remate de Moutinho, Bruno Alves atira à trave e os espanhóis seguem para a final, sagrando-se então bicampeões europeus.
8 Lángara marca 5 golos
DATA: 11/3/1934 COMPETIÇÃO: Mundial’1934 (fase de qualificação) LOCAL: Estádio Chamartín, em Madrid (Espanha) RESULTADO: 0-9. GOLOS: Chacho (9’), Lángara (10’, 12’ pen., 46’, 77’ e 86’), Regueiro (68’ e 76’) e Ventolrá (75’) O primeiro embate a ‘sério’ entre os dois países surgiu no apuramento para o Mundial de 1934. E a sina portuguesa ficou traçada logo na 1.ª mão, ao perder por 9-0. Isidro Lángara, que anos depois acabou por fugir da Espanha franquista, arrasou a defesa das Quinas ao marcar cinco vezes.
9 Travassos e Araújo bisam
DATA: 26/1/1947 COMPETIÇÃO: Jogo particular LOCAL: Estádio Nacional, no Jamor RESULTADO: 4-1
GOLOS: Araújo (15’ e 32’) e Travassos (60’ e 88’); Iriondo (1’) Depois de duas vitórias seguidas entre novembro de 1937 e janeiro de 1938, Portugal teria de esperar quase uma década para voltar a festejar. No Estádio Nacional, os espanhóis marcaram logo no primeiro minuto, mas o portista Araújo e o sportinguista Travassos (na foto) bisaram e construíram a inesperada goleada.
10 Eusébio brilha no Porto
DATA: 15/11/1964 COMPETIÇÃO: Jogo particular LOCAL: Estádio das Antas, no Porto RESULTADO: 2-1 GOLOS: Eusébio (39’ e 70’); Fusté (25’) Ao longo da carreira, Eusébio apenas teve a oportunidade de defrontar a seleção espanhola uma vez. O único duelo ibérico que se realizou em mais de 20 anos (de 1958 a 1979) teve como palco o Estádio das Antas e foi ele quem brilhou em 1964 ao apontar os dois golos nacionais naquele que foi o 5.º triunfo sobre ‘nuestros hermanos’. Isto depois de Fusté até ter adiantado os espanhóis.